Quatro vereadores foram assassinados em menos de quatro anos em AL

  • Redação
  • 12/09/2011 05:23

O assassinato do vereador de Anadia, Luiz Ferreira (PPS), no último sábado chamou atenção para uma estatística preocupante em Alagoas. A violência política que tanto marca a história alagoana. Em menos de quatro anos, quatro vereadores foram mortos em crimes de pistolagem. Nenhum dos assassinos foi condenado e apenas um caso, o do vereador de Delmiro Gouveia, Fernando Aldo (PSB), morto em outubro de 2007, foi elucidado. Neste período nenhum prefeito foi assassinado: o último foi o prefeito de Roteiro, Edvaldo dos Santos Ribeiro, o Val do Agenor (PMDB), morto em setembro de 2006. Amanhã, o crime completa cinco anos.

Para a União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), a situação é preocupante, pois demonstra a fragilidade do aparelho de segurança pública, especialmente na proteção de pessoas que muitas vezes compram brigas de uma parcela da população. E para tentar prevenir que esse clima fique ainda mais violento, no próximo ano, de eleições municipais, a Uveal vai fazer um relatório com os pontos mais críticos da violência política. Segundo o presidente Hugo Wanderley (PMDB), vereador em Cacimbinhas, a expectativa da entidade é antecipar possíveis tendências de crimes relacionados com a eleição de 2012.

Ele lembrou que Alagoas tem um histórico de violência no período eleitoral. Wanderley citou até mesmo o caso de Anadia – onde vários atentados e crimes de pequeno porte davam sinais do aumento da insegurança na localidade. O presidente da Uveal contou que tomou um susto quando soube da morte do vereador Luiz Ferreira, um médico e professor universitário bem conceituado, de perfil pacato e conciliador. Ele aparecia como favorito na campanha para prefeito e foi morto com 12 tiros de pistola, logo após ter dado uma entrevista falando da possível candidatura.

Sem querer antecipar quais municípios estariam em clima de instabilidade, o presidente contou que acredita que a situação pode mudar, e crimes possam ser evitados. “Como somos a entidade representativa dos vereadores, conhecemos o cenário político e iremos fazer esse levantamento da situação de cada região, como uma forma de alimentar a Polícia em ações preventivas. Isso não significa dizer que nessas regiões esteja havendo ameaças ou coisas do tipo. Mas apenas para que conheça melhor onde o clima político é mais acirrado”, disse Hugo Wanderley, contando que espera receber apoio do Ministério Público Estadual e da Secretaria de Defesa Social.

Suplentes também foram assassinados

Genildo Correia Soares, o Genildo do PT, era o presidente municipal do partido e suplente de vereador em Campo Alegre. Em novembro de 2009, ao deixar um barzinho, no começo da tarde de domingo, ele foi cercado por pistoleiros e morto com vários tiros. Os suspeitos da execução chegaram a ser presos, mas estão soltos aguardando o julgamento. O crime teve motivação política, assim como a morte do suplente de vereador Geraldo Cerqueira (PTdoB). Ele foi assassinado na porta de casa, em outubro de 2007, em São Luís do Quitunde. Dois homens fugiram em uma moto e nunca foram presos.

Em setembro de 2008, na cidade de Pilar, o ex-vereador José Élio Nascimento, de 55 anos, que tentaria voltar à Câmara, também foi executado com 12 tiros por dois homens em duas motos. Em julho, outro político foi vítima da ação de pistoleiros, na cidade de Satuba. O ex-vereador João Ferreira da Silva, 67 anos, que preparava sua candidatura para 2008, foi morto na porta de casa. Ele levou quatro tiros, disparados por três homens em um carro preto.

Em fevereiro deste ano, o suplente de vereador de Dois Riachos Ronaldo Pereira Lima (PRB), o “Ronaldo da Galera”, foi executado com vários golpes de arma branca e cacete na zona rural do município. Ele até chegou a ser socorrido, mas a gravidade dos ferimentos impediu qualquer possibilidade de atendimento. Este caso é a única exceção da regra da violência política, pois quase sempre os crimes envolvem armas de fogo de grosso calibre, de uso exclusivo do Exército.