“Cinema no Balanço das Águas” chega à Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar

  • Redação
  • 10/12/2012 19:32
  • Cultura
Pablo de Luca

A abertura do “Cinema no Balanço das Águas/ Segunda Edição”, nesta sexta-feira (7), no povoado Ilha do Ferro, município de Pão de Açúcar, contou com a presença do secretário estadual adjunto da Cultura, Álvaro Otacílio, que disse que o projeto do museu Coleção Karandash de Arte Popular e Contemporânea, voltado a comunidades situadas às margens do rio São Francisco, tem de ser um evento “permanente”. Segundo ele, a Ilha do Ferro “é um dos lugares mais criativos do Brasil e precisa de ações desse porte”.

O evento contemplado pelo “Programa BNB de Cultura/ Parceria BNDES” – e que recebe o apoio da Secretaria de Estado da Cultura, do Sebrae-AL e do Sesc-AL – acontece durante três dias na Ilha do Ferro em Pão de Açúcar, e mais três dias em Entremontes, povoado do município de Piranhas. A ação, que envolve um barco-museu e diversas oficinas de artes e de fotografia e cinema, encerra na próxima quarta-feira (12).

“É preciso que o ‘Cinema no Balanço das Águas’ seja mantido regularmente, sempre em Pão de Açúcar e em Piranhas. A Ilha do Ferro tem a arte popular mais consistente do país. Infelizmente a gente sabe o quanto é difícil realizar um projeto cultural de qualidade. Conheço Maria Amélia Vieira há uns 40 anos, é uma pessoa a quem tenho uma estima muito grande. E o Dalton que se associou a ela numa relação e também numa parceria na galeria Karandash, os dois são grandes artistas que eu respeito muito.”

Para o secretário adjunto, quanto mais ações o barco-museu da Coleção Karandash realizar, mais ele se fortalecerá. “É assim que vai crescer”, afirmou, avisando que o secretário Osvaldo Viegas é “um entusiasta” do “Cinema no Balanço das Águas”. “O projeto deve ser constante, nos dois municípios: em Pão de Açúcar e em Piranhas.”

Lista de cinema

O barco comandado pelos artistas visuais Maria Amélia Vieira e Dalton Costa atracou no povoado Ilha do Ferro às 11h30 desta sexta-feira, sendo recepcionado por Álvaro Otacílio, que em seguida se integrou aos monitores das oficinas e aos artistas e artesãos locais na chamada “Boca do Vento”, a agradável área detrás da casa do casal Rejânea e Valmir Lessa, ela, bordadeira, filha do mestre Fernando Rodrigues (1928-2009), ele, escultor e marceneiro. Todos almoçaram ali.

Inquirido sobre os filmes da sua vida, Otacílio – que já atuou em filme super-8 de Celso Brandão – citou o clássico “Farenheit 451” de François Truffaut, que ele viu na antológica sessão de arte do antigo Cine São Luiz, no centro de Maceió. “A gente matava aula no sábado de manhã pra ir à sessão de arte”, confessou o secretário adjunto. Na lista, também, o moderno “Dançando no Escuro”, de Lars Von Trier. Mas o terceiro título, Otacílio não deu um nome de filme, mas do cineasta alagoano Pedro da Rocha.

“Pedro é um cabra de muito talento. Seu documentário ‘Estrelas Radiosas’ é muito bom. No último edital de Cinema da Secretaria de Cultura, ele foi premiado com um roteiro sobre o filme ‘A Volta pela Estrada da Violência’, realizado em 1970 pela produtora alagoana Caeté Filmes, de propriedade do publicitário José Wanderley. Esse filme teve distribuição nacional e foi filmado no sertão de Alagoas. Na estreia em Santana do Ipanema, a cidade ficou em frenesi”, disse Álvaro Otacílio, reforçando o apoio da Secretaria de Cultura ao cinema alagoano. “A ideia não é fazer muita coisa, mas que seja perene. Que a gente tenha uma política cultural forte e sistematizada. O terceiro edital de cinema sairá até março do próximo ano.