Equipes do IMA e BPA flagram desmatamento em Água Branca

  • Redação com Assessoria
  • 17/04/2013 09:17
  • Interior
IMA

Técnicos do Instituto do Meio Ambiente (IMA) realizaram uma operação no Agreste do estado, no município de Água Branca entre os dias 09 e 10. Dois agricultores foram autuados por estarem cometendo irregularidades.

Na residência de Rosalvo Ricardo dos Santos, 69 anosas equieps do IMA e do BPA encontraram na varanda da casa dele 35 sacos de carvão amontoados, 33 deles foram recolhidos, os outros dois foram perdidos na tentativa de retirada.

O agricultor afirmou que o carvão era para passar o inverno. Uma vizinha, que não teve o nome revelado, disse aos policiais que cada saco era vendido a R$ 11 reais. Rosalvo foi advertido pelo IMA e ainda recebeu um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).

Próximo a casa dele, as áreas com desmatamentos localizados, acompanhados por queimadas se multiplicam próximas aos roçados.

Os dois estão localizados no entorno do Refúgio de Vida Silvestre dos Morros do Craunã e do Padre, a Unidade de Conservação criada pelo decreto estadual nº 17.935, de 27 janeiro de 2012. Ela possui área de 1.086,57 hectares ou 10,86 km², totalmente inseridos no município de Água Branca, conforme dados da Diretoria de Unidades de Conservação do IMA. O local é de grande beleza cênica e de grande importância para a manutenção da biodiversidade, abriga espécies significativas da flora e fauna, como o Gavião da Serra, também conhecido como Águia Chilena, uma ave migratória.

Na Lagoa das Pedras a madeira também era transformada em carvão na extração irregular de calcário. A área foi identificada e o forno maior, o principal que servia para cozinhar as pedras – depois quebradas e transformadas em pó – foi destruído pela equipe do IMA e polícias do BPA. Mais sete sacos de cal foram apreendidos. Bem próximo, foram destruídos mais dois fornos utilizados para a produção de carvão.

Agricultores dos dois povoados, assim como do Alto dos Coelhos e do Tingui, também foram visitados ou abordados e orientados sobre o perigo das práticas predatórias ou criminosas. “Nós temos que levar em consideração que há questões sociais e culturais, mas temos que alertar a população. Porque há anos atrás havia uma disponibilidade maior de recursos naturais e se não cuidarmos poderemos ter problemas sérios, como a diminuição gradativa das fontes hídricas, por exemplo”, disse Adriano Augusto, diretor-presidente do IMA.

Durante a operação o BPA apreendeu 28 passarinhos. Entre eles havia galo de campina, extravagante, curió, rolinha, patativa e a cravina ou Maria de fita. A maioria foi solta na serra do Meiruz, em Pão de Açúcar, local onde ainda há significativos remanescentes da caatinga e há pelo menos duas belas nascentes que, mesmo em tempos de seca, se mantém com água.

 Ali a equipe que participava da operação flagrou um trabalho que coloca em risco tanto a biodiversidade como a vida dos trabalhadores. Um grupo, sem qualquer infra-estrutura ou equipamento de segurança, fazia a extração de pedras transformadas em paralelos e vendidas a R$ 100 ou R$ 150 o milheiro. A média de ganho mensal dos trabalhadores vai de R$ 200 a R$ 500, a depender da produção.

 Eles não quiseram se identificar, mas disseram que precisam daquela atividade para sobreviver. Um deles chegou a mostrar uma das mãos faltando três dedos. “Nós consideramos os problemas sociais, mas essa é uma atividade extremamente perigosa, ainda mais se for utilizado algum tipo de explosivo. Além disso, é uma exploração que precisa estar licenciada para poder ser acompanhada”, disse Adriano Augusto enquanto orientava os trabalhadores a se reunir em algum tipo de organização coletiva para encontrar a legalidade.

 Ainda no município de Pão de Açúcar, dois empresários locais foram advertidos sobre a retirada de areia na praia. No local, os vestígios são as grandes crateras ou declives causados pela extração irregular. Segundo informações dos moradores que estavam por perto, a areia depois era vendida a R$ 10 o metro. “Podíamos levar todos presos em flagrante, mas estamos advertindo e esperamos que isso não se repita mais”, alertou o Capitão Orsi do BPA.

 Ao entrar na área de transição, entre Caatinga e Mata Atlântica, próximo ao município de Arapiraca, mais uma atividade irregular. Dessa vez a extração de barro, bem próximo a pista e sem qualquer tipo de licença. Os motoristas e proprietários das caçambas, assim como da escavadeira, receberam um TCO e o proprietário da terra foi multado em mais de R$ 8 mil.