Jovem acusado de matar os pais em Dois Riachos é ameaçado em delegacias

  • Minuto Sertão
  • 31/05/2013 06:13
  • Interior

O jovem que foi preso acusado de matar os pais, na última terça-feira (28), na zona rural do município de Dois riachos, está sendo ameaçado por outros detentos na cadeia. Desde que foi preso, José Afrânio Terto da Silva, 25, já foi transferido de duas de delegacias.

Conforme a polícia, o preso recebeu ameaças de linchamento pelos outros detentos que consideram inadmissível o crime do qual José Afrânio é acusado.

Logo que foi detido, poucas horas após o crime, o jovem foi levado para a delegacia regional de Santana do Ipanema, mas temendo pela integridade física do custodiado, os policiais civis o transferiram para Palmeira dos Índios, onde também foi ameaçado pelos outros presos e precisou ser isolado dos demais até que fosse levado para o distrito policial de Quebrangulo, que está interditado pela justiça e não tinha nenhum preso.

Antes de ser preso, José Afrânio já tinha sido agredido por populares, inclusive pelos próprios familiares, que na intenção de fazer justiça com as próprias mãos, chegaram a bloquear uma estrada para impedir a passagem da viatura policial que estava com o jovem detido.

Problemas mentais

Familiares de José Afrânio Terto da Silva contaram à polícia que o jovem era usuário de drogas, sofria de esquizofrenia e já tinha ameaçado os pais de morte, por isso tentavam sua internação compulsória junto à Justiça da comarca de Dois Diachos.

Geilza da Silva, irmã de José Afrânio, relata que procurou uma clínica para tentar internar o irmão, mas foi informada que isso somente seria possível com um documento assinado pelo próprio ou através de ordem judicial.

Como José Afrânio se recusava a assinar a documentação, inclusive já a teria rasgado, ela buscava na Justiça o internamento compulsória do irmão e aguardava uma consulta dele com um psicólogo para dar início ao processo.

A parente conta que o juiz da comarca teria dito que enquanto José Afrânio não fosse internado, tudo que acontecesse com ele, até mesmo se ele matasse alguém, quem seria preso eram os pais.

O crime

José Afrânio da Silva foi preso após matar os próprios pais e enterrar os corpos no quintal da residência. A suspeita da Polícia Militar é que ele cometeu o crime após sofrer uma crise de abstinência de drogas.

De acordo com informações do Sub-Tenente Araújo, do 7º Batalhão de Polícia Militar, o crime ocorreu na madrugada desta terça-feira (28), no povoado Pai Mané, zona rural do município. José Afrânio é usuário de drogas e matou os pais, José Terto da Silva e Concília Maria da Silva, ambos de 53 anos, com uma barra de ferro.

O militar contou que ele ainda furou os olhos da mãe e depois tentou se livrar dos corpos enterrando em uma cova rasa feita no quintal da residência. O crime e a autoria só foram descobertos durante a fuga. José Afrânio fugiu do local em direção à cidade de Cacimbinhas, levando o filho de pouco mais de três anos. A criança acabou contando aos tios o crime que o pai cometeu.

“Ele fugiu em uma motocicleta e foi até a casa dos irmãos na cidade de Cacimbinhas. Lá ele disse que os pais haviam viajado e o filho desmentiu, afirmando que o pai havia matado os avós e que tinha visto o momento em que ele enterrou os corpos no quintal. Ele fugiu e deixou o filho na casa dos irmãos”, contou o militar.

A polícia foi informada e saiu em perseguição. A prisão foi efetuada na estrada de acesso ao povoado de Santa Rosa, em Marimbondo. Populares quando souberam da notícia tentaram fazer uma barreira para impedir a fuga do acusado. Ele ainda chegou a ser espancado, mas conseguiu fugir.

“A população se revoltou quando soube do fato e montou uma barreira na saída da cidade de Cacimbinhas. Ele apanhou e quando o capturamos, tivemos que levá-lo para o hospital para ele receber cuidados médicos”, disse.

A família disse à polícia que José Afrânio é usuário de drogas e que acredita que o crime tenha sido motivado por alguma discussão com os pais. “Vamos investigar todas as hipóteses, mas pelo fato de ele ser usuário de drogas e a família relatar esse histórico, a possibilidade do crime ter sido motivado porque os pais não deram dinheiro para ele manter o vício é grande”, afirmou.