Polícia contém rebelião na delegacia regional de Delmiro Gouveia

  • Jota Silva/Ítallo Timóteo
  • 11/04/2013 06:58
  • Polícia

Policiais civis com o apoio de guarnições do 9º Batalhão de Polícia Militar contiveram uma rebelião de presos, na noite desta quarta-feira (10), por volta das 19h40, na delegacia regional de Delmiro Gouveia.

Segundo os agentes policiais, os presos estavam com os ânimos alterados desde a manhã daquele dia quando houve uma discussão entre dois detentos identificados como “Buiu” e “Rato Preto”. Eles foram controlados pelos próprios companheiros de cela.

No período da tarde, durante a visitação de familiares, os presos que não tinham visita foram colocados juntos em uma cela onde alguns deles espancaram Alessandro Gomes dos Santos, 19, que foi detido na última sexta-feira (5), acusado de estuprar uma criança de três anos. Devido às agressões, o jovem teve um dos dentes quebrado, umas das mãos ferida com cortes e vários hematomas no corpo, inclusive no rosto.

A confusão teria ficado ainda pior quando os rebelados decidiram queimar vivos todos os acusados de crimes sexuais e violência contra mulheres que estavam isolados em um cubículo separado. José Rodrigues, retido pela Lei Maria da Penha, relata que ele e os colegas passaram por momentos terríveis, quando os presos conhecidos como “Buiu”, Paulinho, José Milton, Alan, Ricardo e mais dois não identificados jogaram colchões em chamas dentro da cela.

José Rodrigues e os colegas conseguiram apagar o fogo e pedi socorro aos agentes policiais que tentaram acalmar os ânimos, mas não obtiveram êxito e precisaram usar suas armas de fogo para conter a rebelião. Alguns disparos foram efetuados ao esmo, mas um preso conhecido como Evandro ficou ferido de raspão em uma das pernas.

Guarnições do Pelotão de Operações Especiais (Pelopes) e da Rádio Patrulha do 9º BPM foram acionados para ajudar a acalmar os ânimos e necessitaram usar bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para controlar os detentos.

Com a situação sobre controle, os policiais realizaram revista nas carceragens e encontraram uma barra de ferro tirada de umas das grades que foi quebrada, quatro colheres usadas para cavar buracos nas paredes, quatro espetos, dois cintos e um pedaço de madeira.

Os acusados de liderar a rebelião são detentos que foram transferidos de Santana do Ipanema e Arapiraca para aquela casa de detenção temporária. Eles foram interrogados pelo delegado Rodrigo Rocha Cavalcanti que vai abrir um inquérito para apurar o caso. Cavalcanti adiantou que por precaução, esses presos vão ficar em uma cela reservada.

Nossa reportagem apurou que a delegacia tem sete celas com capacidade para 30 pessoas, mas está com 56. Verificamos também que os policiais já pediram para que esses detentos fossem transferidos para o presídio de Maceió, já que os mesmos são acusados de homicídio, latrocínio e tráfico de drogas; e são de alta periculosidade.

Os agentes policiais esclareceram que o uso de arma de fogo pelos agentes foi necessário, pois eles não têm armas não letais, inclusive já solicitaram à Secretaria de Defesa Social (SEDS), mas não as receberam. Ainda segundo os agentes, os presos querem dominar a delegacia e estão os desafiando a entrar no setor das carceragens.