Vinicius Junior não jogará pelo Real Madrid contra o Rayo Vallecano
- Guilherme Pereira — Madri, Espanha
- 24/05/2023 09:54
- Minuto Esportes
Vinicius Junior não entrará em campo pelo Real Madrid no jogo contra o Rayo Vallecano, nesta quarta-feira. Mesmo depois de a Federação Espanhola cancelar o cartão vermelho recebido pelo brasileiro diante do Valencia, o atacante permaneceu fora da lista de relacionados do Real.
Vinicius Junior tem um incômodo no joelho, motivo pelo qual também não treinou na terça-feira. Apesar disso, o brasileiro estará no Santiago Bernabéu para acompanhar a partida segundo apurou o ge.
O Real Madrid divulgou a lista de relacionados para o jogo contra o Rayo Vallecano na terça-feira, antes do anúncio da decisão do Comitê de Competição, anulando o cartão de Vinicius Junior. Em tese, o jogador estaria liberado para atuar. Mesmo com a notícia, Vini seguiu fora do jogo.
Jornal banca permanência de Vini
Segundo o jornal espanhol "AS", Vini Jr não deixará o Real Madrid. Rumores davam conta que devido a tudo que aconteceu, o jogador poderia estudar sua saída do futebol espanhol.
"A estrela brasileira tranquilizou esta semana o seu estafe, muito preocupado com a espiral de insultos racistas, com conivência de arbitragem, que o jogador tem sofrido", escreveu a publicação.
Racismo em Valencia 1 x 0 Real Madrid
Vinicius Junior foi vítima de mais uma manifestação racista na disputa de uma partida do Campeonato Espanhol no último domingo, diante do Valencia, no Estádio Mestalla. O brasileiro acusou parte dos torcedores anfitriões de chamá-lo de "macaco" aos 24 minutos do segundo tempo, quando o time da casa vencia o Real Madrid por 1 a 0.
Após permanecer parado por alguns minutos, depois da denúncia de Vinicius, o jogo foi retomado pelo árbitro Ricardo de Burgos. Na reta final do confronto, o atacante brasileiro acabou expulso depois de uma discussão com o goleiro Mamardashvili - que virou uma confusão generalizada, na qual Vini chegou a levar um mata-leão de Hugo Duro, e reagiu com o braço direito, que atingiu o atleta do Valencia.
Vinicius deixou o campo aplaudindo a decisão da arbitragem ironicamente, e, ao fim da partida, usou as redes sociais para se manifestar, indicando que a expulsão foi "um prêmio por sofrer racismo". E, mais uma vez, criticou a direção de LaLiga, afirmando que a entidade "acha normal os casos", usando o slogan da competição "Não é futebol, é LaLiga". Vini afirmou que "vai até o fim contra os racistas", deixando em aberto a chance de deixar o futebol espanhol.
Antes disso, o técnico Carlo Ancelotti, na entrevista logo depois do jogo, fez questão de se manifestar e condenar os insultos racistas contra Vinicius, destacando que "não queria falar de futebol" após os episódios no Mestalla. E chegou a dizer que "algo está muito errado nesta liga".
Horas depois do incidente, o presidente de LaLiga, Javier Tebas, que já havia discutido com o brasileiro através das redes sociais recentemente, voltou a se posicionar com críticas contra o jogador. O dirigente afirmou que Vini "precisa se informar", acusando o atleta de não se apresentar quando solicitado.
Vinicius retrucou e afirmou que Tebas, em vez de criticar os racistas, foi às redes sociais para atacá-lo. E que não era amigo do dirigente para conversar sobre racismo, mas sim desejaria ver "ações e punições". No dia seguinte, o presidente de LaLiga voltou às redes sociais para rebater Vini Jr, dizendo que "nem a Espanha nem LaLiga são racistas", e que não permitiria que "a imagem da competição fosse manchada".
Também na manhã de segunda-feira, o Real Madrid se posicionou publicamente condenando o episódio de racismo contra Vinicius Junior no Mestalla. O clube afirmou que acionou a Procuradoria-Geral do Estado, denunciando crime de ódio e discriminação. O presidente Florentino Pérez também se encontrou com o jogador para tratar do tema, e, horas depois, uma nova nota oficial do Real criticou a Federação Espanhola e os árbitros.
O presidente da Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, demonstrou apoio público a Vinicius Junior e criticou duramente Javier Tebas, dizendo que o brasileiro deveria "ignorar o comportamento" do presidente de LaLiga.
O Valencia também veio a público para dizer que banirá os autores dos insultos racistas contra Vinicius. O Ministério do Esporte da Espanha, através da Comissão Permanente contra Violência, Racismo, Xenofobia e Intolerância - responsável por punir os atos racistas no esporte - iniciou a análise dos vídeos do incidente no Mestalla.
No Brasil, a Ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, veio a público para condenar os gritos racistas contra Vini Jr, dizendo estar em contato com autoridades da Espanha para tomar providências. O presidente Lula, em discurso no Japão, também manifestou solidariedade publicamente ao jogador do Real Madrid.
Vinicius Junior voltou a se manifestar no dia seguinte ao episódio em Valencia, divulgando um vídeo nas redes sociais no qual relembrou os casos em que foi vítima de racismo por parte de torcidas de clubes da Espanha. E voltou a pedir punições para os culpados, afirmando que "comunicados não funcionam mais".
Na terça-feira, em Valencia, três torcedores foram detidos, acusados de insultos racistas a Vini Jr no duelo do último domingo, mas logo liberados. Em Madri, a polícia espanhola prendeu quatro suspeitos de pendurarem um boneco vestido com a camisa de Vinicius Junior em uma ponte da capital, antes de clássico contra o Atlético, em janeiro.
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