FPI do São Francisco registra novo sítio arqueológico no Sertão de Alagoas

  • Cada Minuto com Ascom FPI são Francisco
  • 06/12/2023 11:56
  • Cidades

A Equipe Comunidades Tradicionais da Fiscalização Preventiva Integrada (FPI) do Rio São Francisco descobriu, nesta terça-feira (05), novas pinturas rupestres, ainda não catalogadas, na comunidade Sítio Flamengo, na zona rural da cidade de Maravilha, no Sertão do estado. Segundo a arqueóloga Rute Barbosa, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o órgão não tinha conhecimento desse sítio arqueológico.

Rute explicou que chamou a atenção a imagem do que parece uma estrela e, além da cor vermelha, as pinturas rupestres também foram desenhadas com material da cor branca.  

“A partir de agora o Iphan deve realizar cadastro desse sítio para que ele esteja resguardado legalmente. Vamos realizar análises e ver quais os fatores de impacto e como poderemos atuar para minimizá-los. Há interesse do município de Maravilha em socializar essa descoberta, mas, antes disso acontecer, vamos avaliar quais os danos que essas visitas poderiam causar a esse patrimônio histórico, para que depois esteja acessível a toda comunidade de Maravilha, Alagoas e do Brasil”, pontuou a arqueóloga.

Rute Barbosa esclareceu ainda que o local onde estão as pinturas aparentemente servia de abrigo no tempo pré-colonial. “O Iphan precisa de mais tempo para fazer suas interpretações em torno do sítio descoberto hoje e, quem sabe um dia, também realizar escavações para ter dados mais concisos sobre o período pré-colonial e, inclusive, encontrar utensílios, ferramentas e outros materiais da época”, disse a arqueóloga.  

A Constituição Federal e a Lei n. 3.924/61 protegem os sítios arqueológicos no país. A destruição ou retirada de qualquer material ou remoção de terra do local constitui crime sujeito à pena de multa e detenção. Para o Iphan, a melhor forma de preservar o patrimônio histórico e cultural dos sítios arqueológicos é contar com o apoio da comunidade.

Foto: Assessoria

Um morador do Sítio Flamengo, o agricultor Jackson Gomes dos Santos, de 28 anos, foi quem guiou a equipe da FPI do São Francisco até as pinturas rupestres. Ele contou que junto de seu primo, encontrou as imagens e já desconfiava que se tratava de algo pré-histórico.  

“Quando vimos, sabíamos que não deveríamos danificar. Eu queria ter ligado para a Ufal [Universidade Federal de Alagoas], mas eu não tinha o número de lá e aqui é muito longe da cidade. Agora estão todas essas pessoas aqui, que trabalham com a preservação dessas pinturas, então sinto que deu tudo certo”, disse o morador da zona rural de Maravilha.  

O coordenador do Museu Paleontológico de Maravilha, Márcio Adriano, acompanhou a equipe da FPI e falou sobre a importância da descoberta para a cidade.

“Maravilha já é muito conhecida pela paleontologia e a descoberta desse sítio arqueológico é muito importante para as universidades, para os estudos acadêmicos, e para que nossos jovens se interessem cada vez mais pela História e pela Ciência. Quem sabe não teremos novos arqueólogos, que irão estudar e compreender como viviam os habitantes do passado na nossa região?”, indagou.

O antropólogo do Ministério Público Federal (MPF) e coordenador da equipe Comunidades Tradicionais, Ivan Farias, reforçou a importância da FPI do São Francisco em proteger os patrimônios da Bacia do São Francisco.

“A Equipe Comunidades Tradicionais não participa desde o início da FPI, mas veio para ficar, porque tem mostrado que cuidando das comunidades, estamos protegendo o Rio São Francisco. Eu me orgulho quando encontramos algo novo, como esse sítio arqueológico, porque a partir dessa descoberta, faremos com que o Iphan e outros órgãos responsáveis protejam a História para as gerações”, disse.

Coordenador da FPI, o promotor do Ministério Público do Estado (MPE), Alberto Fonseca, destacou a importância da descoberta do novo sítio arqueológico em Maravilha.

“É o descobrimento do Brasil, dos primeiros brasileiros. Pelo que a arqueóloga Rute Barbosa explicou, essas pinturas rupestres foram feitas há mais de dez mil anos e essa descoberta é o resgate da nossa história e, com certeza, refletirá nas futuras gerações. Não podemos entender o presente e tentar construir o futuro se não conhecermos o passado. E esse passado é importante para a construção dos povos da Bacia do São Francisco”, enfatizou o promotor.

A ação da FPI contou ainda com equipes da Secretaria de Estado da Mulher e Direitos Humanos (SEMUDH), Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), Rede Mulher de Comunidades Tradicionais, INCRA, CBHSF, Instituto do Meio Ambiente de Alagoas (IMA) e Batalhão de Polícia Ambiental (BPA).

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