Governo adia Enem dos concursos por causa de cheias no RS; não há nova data
- Uol
- 03/05/2024 15:36
- Notícias
O governo federal adiou nesta sexta-feira (3) o CPNU (Concurso Público Nacional Unificado), conhecido como 'Enem dos concursos'. A prova estava prevista para ocorrer neste domingo (5), mas a data foi alterada por causa das enchentes no Rio Grande do Sul. Ao todo, o exame tem mais de 2,1 milhões de inscritos.
O que aconteceu
A decisão ocorreu depois de intensa discussão entre os ministros, mas ainda não uma nova data para as provas. O anúncio ocorreu na tarde desta sexta em anúncio dos ministros Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) e Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação).
A nova data será anunciada "assim que houver condições climáticas e logísticas de aplicação da prova em todo o território nacional", segundo o Ministério da Gestão.
“A conclusão que a gente teve hoje é que seria impossível realizar a prova no Rio Grande de Sul.”
Ministra Esther Dweck
Rio Grande do Sul queria adiamento. Ontem, o governador Eduardo Leite (PSDB) pediu o adiamento nos locais atingidos pelas chuvas. Até quinta à noite, o governo federal manteve a aplicação geral da prova, mas iniciou um debate sobre a situação dos candidatos que farão o exame no Rio Grande do Sul.
Duas possibilidades discutidas. Os ministros do gabinete de crise analisaram o assunto nesta manhã. Além do adiamento geral, havia a possibilidade de somente suspender a aplicação das provas no estado gaúcho. O temor pelo adiamento, tanto nacional quanto local, era pelo alto custo da aplicação do exame e pelo temor de judicialização.
Sem previsão de mudança. Os editais do concurso não preveem reaplicação em nenhuma hipótese, mesmo em caso de desastres naturais. A informação é do jornal Folha de S.Paulo.
Dinheiro de volta. O único dispositivo dos candidatos que tenham a participação afetada por problemas logísticos (que incluem desastres naturais) é receberem de volta o dinheiro de inscrição. O regulamento do concurso ainda diz que um adiamento das provas só poderia ocorrer em todo Brasil.
Certeza de judicialização
Judicialização é esperada. O governo tinha consciência de que candidatos entrariam na Justiça qualquer que fosse sua decisão. Os candidatos gaúchos reclamariam por não poder fazer as provas em caso de manutenção da data. O adiamento levaria a pessoas nos demais estados a reclamar.
Custo de R$ 50 milhões. O 'Enem dos consursos' custou R$ 50 milhões e o número de inscritos é de 2,1 milhões de candidatos. O método é considerado inovador por aglutinar todas as vagas oferecidas.
6 mil candidatos no RS. O concurso seria realizado em 10 cidades gaúchas e algumas estão em área de de situação de emergência. Do total de 86 mil inscritos no Rio Grande do Sul, 6 mil fariam a prova nos municípios atingidos.
MPF pede informações
Pedido de explicações. Antes do anúncio oficial do governo, o Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul enviou ofícios ao Ministério da Gestão com dois questionamentos. O primeiro é se havia estudo de adiamento. O outro, como ficaria a situação dos candidatos que fariam a prova nas cidades gaúchas.
Situação de calamidade. O documento ressaltava a situação caótica enfrentada no Rio Grande do Sul e quais medidas seriam tomadas para presevar o direito dos gaúchos.
Calamidade pública no RS
As fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde 24 de abril já deixaram pelo menos 38 mortos. Outras dezenas de pessoas estão desaparecidas, segundo a Defesa Civil.
Ao todo, 235 dos 497 municípios gaúchos foram afetados pelas fortes chuvas. Há 23 mil pessoas desalojadas, 7.949 em abrigos e 74 feridos, de acordo com o último balanço da Defesa Civil.
O governador Eduardo Leite decretou estado de calamidade pública na noite de quarta (1º), com prazo de 180 dias. As chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3, "caracterizados por danos e prejuízos elevados". Todo o estado foi colocado sob alerta de inundação ou inundação severa.
Em Porto Alegre, a previsão é que o nível do rio Guaíba suba e atinja cinco metros. O governador declarou que o Guaíba já atingiu 3,36 metros na noite desta quinta-feira. Em 1941, quando uma cheia histórica inundou parte do centro de Porto Alegre, o rio atingiu 4,76 metros.
Na quinta-feira (2), a barragem 14 de Julho, entre Cotiporã e Bento Gonçalves, rompeu parcialmente. Com o rompimento, uma onda de dois metros de altura atingiu a região de Bento Gonçalves.
Também na quinta-feira, o presidente Lula (PT) visitou o estado e prometeu recursos. Um comitê de crise foi instaurado com sete ministros, e pelo menos três pastas já anunciaram que implantarão comitês no RS para operar localmente as ações de combate.
Deixe seu comentário
Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.