Diabetes tipo 1: por que ele, agora, deu para aparecer em bebês e idosos?

  • Viva Bem Uol
  • 11/12/2023 14:54
  • Minuto Saúde
Divulgação
Dia de combate ao Diabetes
Dia de combate ao Diabetes

Vou começar pelo fim: por enquanto, ninguém sabe a resposta da pergunta no título. Trata-se de um dos mais recentes mistérios da Medicina.

A imagem que ilustra esta coluna, porém, não tem segredo para os médicos. É a de uma molécula de insulina, hormônio que, feito chave, permite que a glicose presente na circulação entre para abastecer de energia cada uma de nossas células.

No entanto, existem pessoas em que esse açúcar fica dando sopa no sangue, sem entrar em célula alguma, simplesmente porque o organismo perdeu a sua chave. Nelas, o sistema imunológico cisma que as células beta do pâncreas, encarregadas de fabricar a tal da insulina, são inimigas mortais e, por isso, as destrói sem dó, nem piedade. É esse, basicamente, o mecanismo do diabetes tipo 1.

Só que essa doença, que, salvo raríssima exceção, era diagnosticada sempre no final da infância e na adolescência, cada vez mais aparece nos extremos de idade. Isto é, aumentam a olhos vistos os diagnósticos em bebês entre 6 meses e 2 anos e em senhores e senhoras sexagenários ou até mais velhos.

Aliás, um estudo publicado na revista The Lancet, assinado por cientistas australianos, canadenses e americanos, deixa claro que, atualmente, há mais novos casos em adultos do que em crianças. E boa parte desses adultos são maduros pra valer, com seus 65, 70, 80 anos até.

"O que chama a atenção é que, hoje, a faixa acima de 60 anos já tem uma incidência igual à da criança e, até bem pouco tempo atrás, ninguém imaginava flagrar o diabetes 1 em alguém com essa idade", comenta a endocrinologista pediátrica Monica Gabbay, que é professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), onde também coordena o Ambulatório de Bomba de Infusão de Insulina.

O flagrante nos idosos

No início, quando centros do mundo inteiro passaram a encontrar gente com diabetes tipo 1 na terceira idade, até houve um questionamento: "Será que eram pessoas que já tinham uma doença que passou despercebida esse tempo todo ou será que ela realmente tinha surgido mais tarde? A prática vem reforçando a aposta na segunda opção", afirma a professora.

Segundo ela, agora é relativamente comum um endocrinologista receber indivíduos com sintomas de diabetes por volta dos 65 anos e as dosagens no sangue confirmarem uma glicemia nas alturas. Então, a primeira suspeita é que seria mais um paciente com diabetes tipo 2 ou até mesmo com LADA (sigla em inglês para "diabetes autoimune latente do adulto"). Mas, na hora do vamos ver, nota-se que é um diabetes tipo 1 legítimo.