Síndrome do intestino irritável não causa apenas desconforto; veja riscos

  • Viva Bem, Uol
  • 25/01/2024 20:23
  • Minuto Saúde
Imagem: Reprodução/Globoplay
BBB 24: Yasmin disse no programa que tem síndrome do intestino irritável
BBB 24: Yasmin disse no programa que tem síndrome do intestino irritável

Queixas que há anos eram ouvidas e tratadas com chás e bolsas de água quente, hoje são caso de preocupação, principalmente quando alguém como Yasmin Brunet relata sofrer de síndrome do intestino irritável, ou SII, em pleno BBB 24.

Os chás e a bolsa de água quente na região da barriga eram comumente usados para aliviar os inchaços, dores e contrações que eventualmente alguém sofria, "sem causa aparente". No caso da SII, esses são alguns sintomas.

Dor abdominal, inchaço, formação de gazes, desconforto forte em alguma porção (esquerda ou direita) são sintomas frequentes de quem sofre dessa condição, mas vamos além:

A SII causa uma inflamação de baixo grau e crônica na parede intestinal. Esse problema, além de causar dores locais, é também uma possibilidade de surgimento de síndrome do intestino permeável, ou leaky gut.

O termo leaky gut se refere à condição em que a barreira intestinal, que normalmente impede a passagem indesejada de substâncias do intestino para o sangue, torna-se mais permeável. Isso pode permitir que partículas maiores, como toxinas, bactérias e alimentos não digeridos, atravessem a parede intestinal e entrem na corrente sanguínea. Essa condição tem sido associada a vários problemas de saúde, incluindo doenças autoimunes e inflamatórias.

Em se tratando de intestino, o que preocupa é a interferência na função que ele exerce no corpo como um todo, modulando positiva ou negativamente a saúde de uma pessoa. Quando o paciente está com uma síndrome que causa inflamação e desconfortos, a cascata de acontecimentos é longa, se não tratada adequadamente:

Inflamação local;

Disbiose, com crescimento de bactérias e microrganismos de perfil pró-inflamatório;

Inflamação local com repercussão para inflamação sistêmica (crônica de baixo grau);

Mucorreia, condição típica de SII e também de algumas outras patologias do cólon, que se caracteriza pela perda de muco pelas fezes;

Progressão para outras condições, como leaky gut, ou intestino permeável, aumentando os riscos de doenças associadas e autoimunes, devido aos metabólitos e moléculas que passam do ambiente intestinal para a corrente sanguínea.

Fica claro que um paciente com a síndrome se sente desconfortável em determinadas situações, como comer na rua, situações estressantes e trocas de temperatura no ambiente.

Tudo isso que a participante Yasmin está vivenciando lá dentro, mas de forma concentrada: estresse, ansiedade, desregulação do ritmo circadiano (sem horários ou rotina), alimentos que fogem do controle dela dentro de sua dieta.

Para muitas pessoas, a SII é dita como algo simples, que causa apenas diarreia ou constipação, que são desconfortáveis ao indivíduo, mas que não causam tanto mal assim para a saúde. Mas é exatamente o contrário: a SII não apenas causa essas alterações do transito intestinal, como irrita o eixo intestino-cérebro-intestino, e a longo prazo aumenta os riscos de formação de pólipos e divertículos, danos na mucosa e motilidade intestinal.

Sabe-se que um padrão na composição das bactérias pode estar associado ao aumento de condições patológicas, a logo prazo, como uma edotoxemia, condição grave de saúde que leva a consequências médicas mais preocupantes. Por isso é tão importante que o paciente que suspeite de SII procure um profissional para guiar sua alimentação, realizar modulação intestinal ou então, em situações mais importantes, recomendar medicamentos como antiespasmódicos e relaxantes musculares.

Como diagnosticar a SII

Critério de ROMA IV, no qual o paciente deve obrigatoriamente apresentar alguns pontos, como:

Sintomas recorrentes de dor abdominal:

Deve haver dor abdominal pelo menos uma vez por semana nos últimos três meses

Associação com dois ou mais dos seguintes critérios:

Presença de dor: a dor abdominal está associada a mudanças nos hábitos intestinais, como início ou alívio da dor durante a evacuação

Frequência: pode haver uma alteração na frequência das evacuações.

Formato e consistência: pode haver uma alteração na forma ou consistência das fezes (por exemplo, fezes duras ou aquosas)

Duração dos sintomas:

Os sintomas devem ter começado pelo menos seis meses antes do diagnóstico.

Mas esses critérios devem excluir presença de outras doenças como câncer colorretal ou doença celíaca

Exames de microbioma intestinal são extremamente úteis no que diz respeito à modulação intestinal. Neles, detectamos um perfil de bactérias com predominância de filos e espécies, relacionados com uma melhora dos sintomas e qualidade de vida do paciente.