Governo e produtores decidem cancelar Expo Bacia Leiteira 2012 por causa da seca

  • Redação
  • 13/08/2012 14:07
  • Cidades

Produtores de leite da região da Bacia Leiteira, agricultores familiares e representantes do Governo do Estado debateram, durante encontro na quinta-feira (9), em Batalha, a conveniência ou não de realizar a Expo Bacia Leiteira 2012. Eles decidiram que, devido ao momento de crise que os agricultores de Alagoas estão enfrentando por causa da seca, o melhor é não realizar o evento este ano.

Ficou definido que os produtores que quiserem expor seus animais, participar de torneio leiteiro e de comercialização poderão participar da Expoagro, em Maceió, em outubro próximo. Para isso, terão o apoio logístico, alimentação e estadia custeadas pela Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário (Seagri).

“Sabemos que no ano de 2011 o evento superou as expectativas e foi satisfatório para o setor produtivo. Mas neste ano é necessário cautela, pois os agricultores, que são os maiores interessados no evento, estão preocupados e querem evitar a perda de seus rebanhos, como também com seu sustento no campo por causa da seca”, afirmou o superintendente de Desenvolvimento Agropecuário da Seagri, Hibernon Cavalcante.

Sabe-se que o período mais crítico da seca no Estado ainda está por vir, que é de setembro a dezembro. Por isso, o Comitê Integrado de Combate à Seca também enviou representantes à reunião, que repassaram aos agricultores o panorama das ações para minimizar os efeitos desse fenômeno, que afeta muitos estados do Nordeste brasileiro.

“Em Alagoas, as ações emergenciais coordenadas pelo comitê estão voltadas para a manutenção socioeconômica do homem do campo, como a garantia de alimentação animal, abastecimento de água eficaz para a população, pensando em sustentar a economia da região durante este período de seca”, destacou o secretário de Estado da Agricultura, José Marinho Júnior, que também participou do encontro.

Os agricultores e produtores rurais, representados pela Cooperativa de Produção Leiteira de Alagoas (CPLA) e Associação de Criadores de Alagoas (ACA), cobraram do comitê que as ações sejam ampliadas e abranjam os pequenos, médios e grandes produtores, pois os problemas e soluções são comuns aos que vivem na região.

“Temos ciência de que a prioridade deve ser o pequeno produtor, mas precisamos que o governo auxilie a todos, mesmo que em medidas diferenciadas, para fortalecer os elos da cadeia do leite da região, que é muito importante para a economia do Estado”, comentou Domício Silva, presidente da ACA.

Ficou estabelecido que a região da Bacia Leiteira criará um comitê para acompanhar, sugerir e cobrar ações ao Comitê Integrado de Combate à Seca, que terá Domício Silva como representante.

Bagaço de cana

Os produtores também citaram a distribuição do bagaço de cana pela Seagri e o repasse do milho, pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Segundo o secretário José Marinho Júnior, já foram entregues mais de 200 toneladas de bagaço de cana à CPLA, que repassou aos pequenos produtores e associações. Ainda de acordo com ele, 600 toneladas de milho já estão sendo transportadas para Alagoas. O produto vem de Estados de maior produção, com Pernambuco, Bahia e Ceará, além da região Sudeste.

De acordo com a Conab, além de Maceió e Palmeira dos índios, onde já existem pontos de repasse do milho, entrarão em funcionamento unidades em: Arapiraca, Delmiro Gouveia e Santana do Ipanema, o que facilitará bastante o frete, que é de responsabilidade das prefeituras, que são parceiras.

“O governo está sensibilizado com esta situação. Temos ações concretas acontecendo, como o abastecimento de água no Sertão, que era de 120 caminhões-pipa e passou para 180. O Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome já iniciou licitação para ações estruturais a médio e longo prazo, como a construção de 220 barragens subterrâneas, mais de 7 mil cisternas, projeto de recuperação de mais de 100 poços artesianos e de 200 nascentes. Isso tudo para passarmos pelo período de seca muito mais preparados nos próximos anos”, afirmou o secretário de Agricultura, José Marinho Júnior.