População reclama falta de médicos e mau atendimento no hospital de Delmiro Gouveia

  • Edson Alves
  • 02/04/2013 03:22

A falta de médicos nos hospitais do alto Sertão alagoano já é um problema antigo e agora está cada vez pior. No dia 10 de março desse ano, a jovem mãe Lais Pereira da Silva, 23 anos, passou momentos difíceis ao levar sua filha à Unidade Mista e Emergência Dr. Antenor Serpa, em Delmiro Gouveia.

Conforme a mãe, a pequena Layane Dias Pereira, 3 anos, estava com uma forte infecção de garganta que impossibilitava ela até de se alimentar corretamente, chegando a ter vômitos com sangue, além de apresentar febre alta. Caso que é considerado gravíssimo.

Lais contou para a reportagem do Portal Minuto Sertão que ao chegar à Unidade Mista, se deparou com enfermeiros, com um médico e diretor do hospital, o Dr. Petrúcio Bandeira. Confiante de que seria atendida, a mãe recebe a frustrada informação de uma enfermeira que o referido médico plantonista somente atenderia casos mais graves que o da filha dela.

A mãe voltou para casa e automedicou Layane, mas o estado de saúde da menina se agravou e a mãe viajou cerca de 40 km até a cidade de Paulo Afonso/BA onde finalmente conseguiu atendimento no Hospital Nair Alves de Souza. Fora de perigo, Layane passa bem e se recupera com ajuda de antibióticos.

Revoltada com a situação, Lais procurou uma emissora de rádio local para denunciar o caso, inclusive também usou uma rede social para relatar o ocorrido e repudiar o descaso no hospital de Delmiro Gouveia.

Lais postou no Facebook: "Ele (o médico) não tava fazendo nada, não tinha ninguém pra ele atender. Só minha filha. E ele simplesmente se escondeu pra não ter que atender uma criança e acalmar uma mãe que estava ali se tremendo dos pés a cabeça. Uma das enfermeiras disse: Bom senhora... É a ordem que eu tenho, só chamar quem tiver morrendo... ou gravemente acidentado".

Após o protesto de Lais, outras pessoas informaram ao Minuto Sertão que a falta de atendimento naquela unidade mista de saúde é constante, mesmo quando o paciente está em situação de emergência. Ainda mais durante o final de semana quando somente a unidade mista fica para "atender" à população de Delmiro e região, uma vez que os postos de saúde do município não funcionam. Os revoltados ironizam o caos com a frase "é proibido ficar doente".

Lais registrou um boletim de ocorrência na Delegacia Regional de Delmiro contra o médico plantonista por emissão de socorro. O doutor não encontrado por nossa reportagem.

SAMU - A equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) também passa por alguns problemas devido a falta de médicos no hospital. Ao fazer o resgate, a equipe encaminha o paciente a unidade e por não ter médico o próprio SAMU leva o paciente para os hospitais de Santana do Ipanema e de Arapiraca, deixando descoberto a cidade e região caso haja chamados de socorro naquele momento. Na unidade, duas ambulâncias estão disponíveis, uma delas está quebrada e só uma atende a casos graves.

A RESPOSTA - Após várias tentativas, o diretor da unidade hospitalar não quis falar sobre o caso, mas um funcionário do hospital que por razões próprias teve sua identidade preservada explicou ao MS que a unidade dispõe apenas de quatro médicos e um deles faz plantão de 12 horas, onde o correto é de 24 horas. O profissional disse ainda que a direção busca contratar outros médicos para os finais de semana onde a necessidade é bem maior.

Ainda segundo este funcionário, os repasses financeiros vindos do Estado não são suficientes para a manutenção do hospital e mal dá para comprar produtos indispensáveis como material de limpeza e a alimentação dos internados. 

OUTRAS CIDADES - O mesmo problema acontece também na Unidade Mista de Água Branca. Pacientes em estado grave são transferidos para outros hospitais da região devido à falta de médicos plantonistas.