A reportagem do Minuto Sertão foi até a zona rural do município de Pariconha, para acompanhar a vida de algumas pessoas que vivem em casa de taipa. No sítio Lagoa Preta encontramos a aposentada Dona Cícera, 75, que perdeu o marido (morreu) há alguns anos e vive com mais dois irmãos em sua resumida residência estruturada com varas e barro.

Ao chegar ao local, de longe, avistamos a idosa que estava sentada no alpendre de sua moradia onde nos recebeu e contou que vive ali desde que nasceu. Dona Cícera nos mostrou sua casa que tem uma sala, um quarto e uma cozinha, tudo em tamanhos mínimos, sem contar que em algumas paredes o barro já caiu, inclusive no quarto da senhora aposentada que sem ter escolha teve que se acostumar com a situação. “Há muitos anos a situação é essa aqui... Não melhora de jeito nenhum... É só isso mesmo.” Disse.

Com a saúde ameaçada por uma gripe, porém cheia de vida e sabedoria, a idosa conta que mora com dois irmãos com quem divide o pouco de espaço que tem no imóvel. “Aqui é como coração de mãe, cabe todo mundo.” Disse.

Perguntada se desejaria ter uma casa melhor, a anciã não mede as palavras para dizer que sonha ter uma casa bacana. “Vou dá graças a Deus se tiver este prazer.” completou.

Apesar da péssima qualidade de sua casinha, Dona Cícera revela que não trocaria seu lá por nenhum oferecido na cidade. Ela conta que é ali onde tem o apreço dos familiares e parentes, revive todos os momentos de sua vida e usufrui das belezas naturais como o ar puro que respira.

A moradora relatou que muitos políticos já passaram por lá lhe prometendo construir uma casa de tijolos, inclusive o atual vice-prefeito e candidato a prefeito que prometeu construir a residência caso seja eleito. Indagada se confiava nas promessas ela diz: “No coração de ninguém a gente não anda... Para mim ele faz.” Disse.

Confiante no que lhe prometeram a Dona Cícera se despediu de nossa equipe agradecendo nossa visita e nos convidando para aparecer em outro momento em sua humilde residência.

Povoado Tanque

No povoado Tanque, a agricultora Maria Vaneilde, 36, que também reside, porém de favor, em uma casa de taipa, quando perguntada se sente bem onde mora, ela responde: “Muito bem não, né... Porque a casinha é assim...”. Reclama.

“Tuca”, como é conhecida, conta que no tempo de chuva a casa se desmancha quase toda e quase não dorme durante a noite para cuidar de seus quatro filhos com idades entre 1 e 11 anos, inclusive uma parede já chegou a cair por cima de sua filha mais velha.

A dona de casa relata que os filhos têm medo de morar na casa. “Eles me perguntam sempre: mãe nós vamos ganhar nossa casa, né?.” “Tuca” revela que há anos vem lutando para conseguir através dos políticos do município uma moradia própria. “Eu e meu marido não temos condições sozinho, então recorremos a eles que por enquanto só prometeram.” disse.

A sofrida agricultora diz que o prefeito Moacir Vieira garantiu construir uma casa para ela e a família, mas até o momento nada havia sido feito pelo atual gestor. “Aí, a gente fica só esperando... Já cansei de esperar... Para ele a gente aqui é esquecido.” Desabafou.

Por fim, Maria Vaneilde conta que naquele povoado várias pessoas, com ela, vivem em casas de taipa, mas que participam de um cadastro com a promessa de ganharem residências de alvenaria, porém até o momento estão aguardando.

Resposta

Em contato com nossa reportagem, o prefeito Moacir Vieira afirmou que o município tem um projeto para erradicar todas as casas de taipa de seu território e que, no período de cadastramento, a Dona Cícera do Sítio Lagoa Preta havia se negado ao cadastro afirmando não querer nada do governo municipal.

Já no povoado Tanque o gestor explica que o projeto ainda está em andamento, uma casa já foi construída e outras duas serão entregues em breve. Moacir anuncia a aquisição de um terreno na povoação para a construção de um Conjunto Habitacional (Cohab).