Visita de campo mostra a cultura do sorgo no período de seca em Santana do Ipanema

  • Redação
  • 31/10/2012 20:54
  • Cidades

Pesquisadores, técnicos e agricultores familiares participaram na manhã dessa terça-feira (30) de uma visita de campo a unidade de pesquisa do município de Santana do Ipanema. A unidade trabalha a utilização do sorgo forrageiro na produção e conservação de forragens para alimentação de ovinos e caprinos no semiárido alagoano.

Os pesquisadores do Instituto de Inovação para o Desenvolvimento Rural Sustentável (Emater/AL) utilizam na área a variedade SF – 15, pesquisa do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), e se surpreenderam com a resistência do produto a falta de chuvas.

De acordo com Fernando Gomes, pesquisador do convênio com o Banco do Nordeste (BNB), para uma produção ideal seria necessário que chovesse 300 mm bem distribuídos no período de quatro meses, porém a variedade mostrou um excelente desenvolvimento com apenas 232 mm de chuvas irregulares. O pesquisador revelou que no mês de setembro, por exemplo, não choveu nada e em outubro a média foi de 2 mm por dia.

“Em todo Nordeste, principalmente as regiões que sofrem com a seca, praticamente só Alagoas vai conseguir se beneficiar de alguma ação da pesquisa agropecuária. Mesmo com a escassez de chuvas conseguimos uma produção satisfatória, nessas condições climáticas só a cultura do milho para alimentação animal não seria suficiente. Nosso objetivo é difundir esse beneficio, já que as previsões de chuvas não são nada animadoras”, afirmou Fernando Gomes.

Preocupado com as previsões de uma estiagem ainda mais severa, o produtor familiar José Cosme da Silva, de São José da Tapera, revelou que plantou sorgo, porém deixou para aumentar a plantação de milho, já que a chuva estava sendo suficiente. “Há muitos anos plantei sorgo para alimentar os animais e agora devo voltar a plantar. Não tem água e o milho não produz feno suficiente. Foi muito bom tem esse esclarecimento”, destacou o agricultor familiar.

O pesquisador lembrou que para o sertanejo plantar milho é quase uma religião, é uma tradição. “Respeitamos a tradição do povo sertanejo, mas alertamos que o sorgo vem como alternativa para esse período de estiagem prolongado. Para lançarmos essa variedade passamos oito anos estudando, e sabemos que com o produtor não podemos errar”, enfatizou Fernando Gomes.

Para produzir um hectare do sorgo, o pequeno produtor vai gastar entre R$ 600 e R$ 700. Entre as recomendações do pesquisador para o plantio está a escolha do solo adequado, que não pode ser ácido. Outra dica repassada na visita foi quanto à distribuição das sementes. A cada metro cúbico o ideal é distribuir de 12 a 15 sementes. Se forem cavadas covas pode-se utilizar de 3 a 4 sementes por cova.

Os participantes da visita foram alertados a tomarem cuidado nos primeiros 40 dias do cultivo. Deve ser feito o controle da formiga cortadeira, que ameaça a cultura. Para melhorar a produção, foi indicada adubação orgânica, pelo menos 25 toneladas por hectare de sorgo plantado. O encontro contou com a participação das gerencias da Emater/AL do Médio Sertão, Bacia Leiteira e Alto Sertão.