Ricardo Elia leva o cinema de animação para Pão de Açúcar e Piranhas

  • Redação
  • 12/12/2012 14:22
  • Cidades

O diretor de curtas de animação, Ricardo Elia, 27 anos, convidado para monitorar a oficina de Cinema de Animação do projeto “Cinema no Balanço das Águas/ Segunda Edição”, disse que logo quando soube dessa ação de arte educativa coordenada pelos artistas visuais Maria Amélia Vieira e Dalton Costa ficou “muito interessado”.

“É um projeto que leva o cinema para dentro do Brasil, num barco. Isso me atraiu muito por ser um evento único no país, levando o cinema a um público virgem... Durante a oficina, perguntei aos alunos sobre o envolvimento deles com a arte cinematográfica e eles disseram que nunca tinham ido ao cinema”, considerou Elia, elogiando a ação dos artistas alagoanos contemplada pelo “Programa BNB de Cultura/ Parceria BNDES”.

Ricardo Elia é carioca e integra a equipe de profissionais do Festival Anima Mundi – que, por sua vez, mantém um projeto educativo para as escolas municipais do Rio de Janeiro, o “Anima Escola”. O diretor, que também é músico e escritor, veio até Alagoas para ministrar uma oficina de dois dias, primeiro no povoado Ilha do Ferro, em Pão de Açúcar, depois em Entremontes, povoado de Piranhas – ambas as comunidades localizadas às margens do rio São Francisco.

Além das oficinas de animação nos dois povoados, o “Cinema no Balanço das Águas/ Segunda Edição” oferece desde a última sexta-feira (7) aulas de Vídeo e Cinema, Fotografia e Artes, ministradas por profissionais de cada área. As atividades do projeto encerram nesta quarta-feira (12), em Entremontes, com a exibição, em praça pública, dos trabalhos produzidos pelos alunos das oficinas.

Elia avalia sua participação nessa ação de arte educativa no sertão alagoano e a receptividade dos alunos.

“Foi uma experiência muito boa. Achei as pessoas muito interessadas, disciplinadas e especialmente criativas. Os dois dias da oficina em cada comunidade valeram como se fossem quatro.” De fato, em poucas horas de trabalho, massas de modelar viravam personagens como lagarto e borboleta, flores, príncipe, princesa, ovos, galinha e pintinhos. A garotada vibrava: “Minha gente, uma salva de palmas para a oficina do professor Ricardo”, puxava um dos estudantes, em sala de aula no Colégio Municipal de Entremontes.

Vibração do público

Na conclusão dos trabalhos na Ilha do Ferro, no último domingo (9), a parede de uma casa virou tela de cinema e os moradores receberam os filmes produzidos por alunos entre dez e 21 anos com gritos e assobios e muitos aplausos.

“No Rio, fazemos essas oficinas em escolas afastadas do Centro, com crianças em situações de riscos, em favelas, sujeitas à criminalidade. O retorno delas é sempre muito bom. Em Alagoas, porém, encontrei escolas com mais estrutura e uma garotada muito interessada. Nas escolas do Rio, não somos tão bem recebidos, as crianças são mais agitadas. Aqui, a escola é um lugar agradável de convívio; no Rio, parece uma penitenciária”, observa Ricardo Elia, comparando seu trabalho na capital fluminense com o insólito sertão nordestino e afirmando que levará das Alagoas uma nova experiência de vida.

“Aprendi com as pessoas, com a viagem, com a Maria Amélia, que é possível fazer as coisas mais difíceis e impensáveis. Essa já era uma certeza minha, a de que o povo brasileiro que não tem acesso à informação e às novas tecnologias tem, também, muito potencial – basta ter estímulo e oportunidade.”

CINEMA NO BALANÇO DAS ÁGUAS/ SEGUNDA EDIÇÃO – Com oficinas de Artes, Fotografia, Cinema e Vídeo e Cinema de Animação nos povoados Ilha do Ferro (Pão de Açúcar) e Entremontes (Piranhas). Evento patrocinado pelo “Programa BNB de Cultura/ Parceria BNDES”, com apoio da Galeria Karandash, do Sebrae-AL, Sesc-AL e da Secretaria de Estado da Cultura. Último dia nesta quarta-feira (12).