Verdades sobre o cangaço - Equação macabra do cangaço

  • Redação
  • 24/12/2012 16:27
  • Cidades

João Bezerra da Silva foi um grande herói brasileiro. Talvez na história do Brasil não exista um único militar que tenha tido uma carreira tão bem sucedida quanto a dele. A partir de 1930, Bezerra era “Chefe de Volante”, onde travou vários combates com os grupos de cangaceiros chefiados pelo criminoso Virgulino Ferreira da Silva, vulgo lampião e por último, conseguiu eliminar este terrível e famoso bandoleiro na Grota de Angicos, em 1938.

Equação macabra do cangaço

O cangaço foi uma espécie de banditismo rural que existiu no sertão nordestino até o ano de 1940. Os cangaceiros invadiam cidades e povoados em número sempre maior que o contingente policial destes locais. Roubavam as bodegas e raspavam as gavetas. Extorquiam a população e matavam impiedosamente. Sequestros, extorsões e estupros faziam parte de uma rotina diária. Por muitas vezes castraram homens em plenas feiras livres, e ainda marcava a orelha do infeliz, como se marca porco. Também estupravam e depois ferravam as mulheres no rosto e nas nádegas, como se marca boi. Enfim, a equação macabra do cangaço foi: Cangaço = homicídios + latrocínios + chacinas + formação de quadrilha + pistolagem + roubos + extorsões + sequestros + estupros + ferro em brasa no rosto e nas nádegas das mulheres + castrações de homens + requintes de perversidade x 1.000 = lampião e seus cangaceiros.

A missão

João Bezerra recebeu uma missão do Presidente Getúlio Vargas. A missão que lhe foi confiada foi a de liquidar com o grupo do criminoso lampião, pois não se conseguia realizar nenhuma obra nesta região. O cangaço era um empecilho para o desenvolvimento desta região e vinha causando graves problemas sociais. Por exemplo: No dia 18 de outubro de 1929, lampião atacou a obra da construção da estrada de rodagem Juazeiro-Glória matando 9 trabalhadores. A obra parou e neste período não se construiu mais estradas nesta região. As estradas facilitariam a movimentação de tropas. Ninguém queria vir trabalhar nesta região, pois tinham medo dos cangaceiros. Os fazendeiros e pequenos proprietários eram continuadamente extorquidos e alguns eram assassinados. Havia a necessidade de se iniciar as obras das usinas hidrelétricas desta região. Com o cangaço em ação não dava. Então, tinha que se atacar o grupo criminoso com o objetivo de se dar um golpe fatal neste tipo de banditismo rural.

João Bezerra venceu lampião e acabou com o cangaço

João Bezerra não decepcionou e honrou com o cumprimento de sua missão. Em 28 de julho de 1938, na localidade de angicos, no município de Poço Redondo-SE, sua valorosa Força-Volante conseguiu abater 11 perigosos bandidos da mais alta periculosidade possível, entre eles, o terrível lampião. Somente lampião tinha centenas de mortes nas costas e uma extensa ficha criminal. Era um monstro. Quando revistaram o bandido, ele levava 5 quilos de ouro. Ouro roubado. Após a eliminação do chefe da quadrilha, o cangaço ficou sem liderança e desnorteado e fatalmente se encaminhou para o seu fim, que de fato aconteceu 2 anos depois (1940).

Sem dúvida alguma, João Bezerra foi o braço armado do Estado, à serviço da defesa dos interesses da sociedade, da cidadania e da humanidade, extirpando um câncer que seguia seu curso de forma inabalável ceifando vidas e derramando sangue por toda esta região.

Trajetória de sucesso do Tenente João Bezerra da Silva

O 3º BPM de Arapiraca-AL chama-se Batalhão Tenente João Bezerra da Silva. Tem o nome de um importante personagem da história do Brasil.

João Bezerra da Silva nasceu no dia 24 de junho de 1898, na Serra da Colônia, no município de Afogados da Ingazeira-PE. Aos oito anos de idade já ajudava seu pai na agricultura e na criação de animais. Aos catorze anos de idade já trabalhava como carregador de carvão de pedra no cais do porto de Recife-PE. Também foi soldador, assentador de dormentes em linha férrea e trabalhou na lavoura. Após um ano fora, voltou para casa e montou um comércio (bodega) onde vendia de tudo.

Iniciou sua carreira Militar em Maceió-AL, no ano de 1919, entrando na Polícia Militar de Alagoas, como policial contratado para integrar as “volantes”, sendo incorporado definitivamente, em 29 de março de 1922.

Foi servindo o 2º Batalhão em Santana do Ipanema (atual 3º BPM de Arapiraca), que a partir de 1930 empreendeu onze ações contra o bando do terrível bandido virgulino ferreira da silva, vulgo lampião, que culminaram em 28 de julho de 1938, vencendo definitivamente o bandido, dando um golpe fatal no cangaço, que veio a acabar definitivamente 2 anos depois (1940). Cumpriu sua missão em defesa da sociedade. Bezerra venceu o bandido lampião.
Bezerra era um profissional dedicado e destemido e, em um dos muitos combates foi ferido e ficou com sequelas que lhe causaram dificuldades de locomoção por longo tempo. Por este motivo, o bandido lampião o apelidou de “cão coxo”.

Casou-se com Cyra Gomes de Brito, em Piranhas-AL, no ano de 1935. Foi Maçom, alcançando 18º grau na instituição. Bezerra teve 19 Nomeações de Comando, incluindo o de Comandante da Polícia Militar de Alagoas e 12 nomeações para delegado, em várias cidades de Alagoas, como também, participação em diversas missões fora do Estado, com o contingente alagoano, nas Revoluções de 1925, 1930 e 1932. Foi também nomeado como Prefeito Interventor da cidade de Piranhas-AL, no ano de 1933.

Durante sua vida militar recebeu diversos elogios por seu desempenho nas missões em que participou, conforme foram publicados nos boletins da Polícia Militar de Alagoas. Entre eles: Elogio do Comandante da Corporação, elogio do Interventor Federal, elogio do Governador do Estado, elogio do General do Exército e elogio do Presidente da República Getúlio Dornelles Vargas.

Bezerra foi recebido no Palácio do Catete pelo então Presidente da República Dr. Getúlio Dornelles Vargas que nutria grande interesse pelas volantes e pelo término das ações dos cangaceiros. Bezerra depois passou a destacar-se, em comissão, em funções do Estado-Maior da PM Alagoana e, também como delegado de polícia judiciária em várias cidades de Alagoas. Galgou, desde o alistamento como soldado, todas as graduações (praça) e postos (oficial) da força policial a qual pertencia. Passou ao posto de Coronel (último da carreira) e foi para reserva em 1955, passando a dedicar-se a agricultura e a pecuária. Faleceu em 04 de dezembro de 1970, aos 72 anos de idade, na cidade de Garanhus-PE, vitimado por um derrame. Recebeu alusões honrosas pela Câmara de Vereadores daquela cidade. Seu corpo foi velado no quartel da Polícia Militar de Alagoas em

Maceió, onde foi sepultado no Mausoléu da Maçonaria.

Tendo conquistado uma folha de serviços marcada de promoções por bravura e merecimento, sendo – em consequência – escolhido para as mais árduas, diferentes e difíceis missões. Era obstinado, desbravador e estrategista. Cidadão honrado, decidido, extremamente observador, perspicaz e de muita fé. Seus passos foram cuidadosamente planejados, prevalecendo sempre a sensatez e a dignidade. Incansável na luta contra o banditismo, onde seus contemporâneos sabiam do seu empenho, da sua responsabilidade e do seu valor. Nada em sua vida parecia ter sido por acaso. Preservava como valores máximos, a família e o equilíbrio da sociedade, deixando o exemplo de vida para os que valorizam os padrões éticos da sociedade.