Sou seu amigo, mas só voto se você me der um saco de cimento

  • Redação
  • 12/10/2012 05:48
  • Márcio Martins

Disputar as eleições municipais deste ano sinceramente não foi motivo para arrependimento apesar do meu trágico resultado nas urnas, mas como tudo o que fazemos ou deixamos de fazer em nossa vida nos serve de aprendizado e experiência, boas histórias tenho pra contar desta difícil caminhada com tantos obstáculos quase que insuperáveis.

Por isso decidir contar alguns acontecimentos tristes, curiosos e a maioria das vezes indignantes. O texto que você irá ler a seguir é apenas o primeiro de muitos que aqui compartilharei.

Boa leitura e não esqueça de deixar o seu comentário sobre a mais pura e infeliz realidade da politicagem canapiense.

Pensando por onde começar minha campanha política resolvi procurar por aquelas pessoas mais próximas: conhecidos, vizinhos e amigos, alguns deles amigos de infância.

E foi numa destas andadas que cheguei à casa de um desses amigos de infância, quer dizer; praticamente fui levado até lá, isso porque o mesmo me encontrou em uma rua próximo a sua residência e simplesmente me intimou a acompanhá-lo, sem ter outra alternativa e confesso que querendo aproveitar a oportunidade para lhe pedir o voto, o acompanhei, era uma casa humilde em uma rua sem pavimentação e esgoto a céu aberto que em tempos de chuva fica completamente intransitável.

Problemas a parte, sentei no sofá da sala e começamos a conversar, não antes que o mesmo chamasse sua esposa para participar da conversa, apresentei meus projetos caso fosse eleito e logo depois pedi o voto de confiança do casal e ouvi: “Marcio poder contar com a gente que o Canapi precisa de pessoas como você que busca os direitos do povo e que a gente conhece.” Nesse momento, cheguei a achar que ali tinha ganho aqueles dois votos, entusiasmado, cheguei a esticar a conversa ao falar do problema da rua, mas logo fui interrompido por algo que na gíria popular “quebrou a minhas pernas” o dono da casa havia me convidado a conhecer toda a casa até que chegamos ao quintal onde o mesmo disse que pretendia fazer a cozinha que por falta de condições ainda não tinha feito, nesta altura eu já desconfiava qual sua verdadeira intenção com aquele convite, foi quando veio o “golpe de misericórdia.” Acredite se quiser! Ele me pediu um saco de cimento, aquilo me fez sentir uma tristeza tão grande que minha programação de naquele dia ainda visitar umas 20 casas “caiu por terra”, mas respondi com a maior naturalidade possível que não tinha condições e mesmo que tivesse não poderia lhe dar, pois era crime e minha campanha não era feita desta forma, disse ainda que se o mesmo estava tão necessitado do pedido que me fizera independente de ser candidato ou não se o mesmo me pedisse em momentos anteriores e pós-eleição jamais eu negaria, pois vivemos em uma sociedade onde um tem que ajudar o outro e não comprar sua dignidade em época de eleição. Ao ouvir minhas palavras ele até pareceu convencido, mas dias depois soube que um outro candidato lhe deu não só um saco de cimento, mais quase todos os materiais da obra.

Moral da história! Em quem você acha que esse cidadão votou?

Para ele e tantos outros não importou se o escolhido tinha projetos de melhorar as condições de vida da população, planos de trabalhar a bem do povo, se era corrupto e muito menos se poderia lembrar de sua cara depois de eleito.

Mas fazer o quê? A política infelizmente é assim, cabe a nós homens e mulheres de bem, consciente do mau que este tipo de conduta faz, começarmos a refletir sobre nossas ações ou omissões diante deste e de outros episódios que mancham a imagem de um povo tão batalhador como os canapienses.

Fique conectado, nosso próximo conto será:
A consciência do umbigo dos apaixonados