Conta a epopeia homérica que para conquistar Troia, Odisseu, personagem da mitologia grega, presenteou os troianos com um grande cavalo de madeira, oco por dentro, onde escondia soldados gregos que dominaram e venceram uma guerra que durou dez anos.

Fazendo uma analogia aos tempos modernos, no sertão das Alagoas, enxergamos duas Troias, onde seu povo teria sido engabelado, recebendo de presente seus cavalos ‘ocos por dentro’, repletos de arqueiros sedentos, que na atualidade são os espertos políticos.

É assim que se sentem muitos olho-daguenses de Olho D’Água das Flores e oliventinos de Olivença.

Abrindo a página da história vejo a semana que antecedeu as eleições municipais de 2020 em Olho D’Água das Flores, quando Zé Luiz venceu o primo Nen, com uma diferença menor que 1.700 votos e uma abstenção de 2.848 votos. Foi sim uma eleição apertada, que se Nen não tivesse a candidatura de seu vice impugnada as ’vésperas’ do pleito, ninguém sabe se o resultado teria sido o mesmo.

Produto de um marketing ‘criado’ e ’vendido’ em 2018, quando teve quase 13 mil votos para sua primeira eleição para a Câmara Federal, após ser vereador pelo município, o até então desconhecido e hoje prefeito ainda se prevalece deste mesmo ‘criado’ e ’vendido’ naquele ano. Longínquo de trazer para os olho-daguenses concurso público e um comércio pujante, o candidato a reeleição hoje pode sim ser comparado aqueles mesmos políticos que ele ‘atacava’ no passado.

Em Olivença, um outro ‘cavalo de Troia’ fez Jó [cujo nome de batismo é Josimar Dionísio] vencer em 2020 com menos de 300 votos.

Conhecida hoje por cidade ‘botox’, expressão usada pelos jovens oliventinos ao mostrarem a frustração pela escolha, a quantidade de desempregados num comércio cujo o número de lojas é contado nas mãos, transcende.

Olivença e Olho D’Água das Flores, onde se gasta bastante com festejos [enquanto o emprego não existe, onde falta água nas torneiras, a qualidade da merenda escolar não muda e a saúde só oferece o básico], até pode reelegerem os mesmos de 2020, mas é muito pouco provável que saiam do ‘abismo’ que estão, levadas por pessoas que verdadeiramente são produtos de marketing. E viva o marketing com seu poder de ‘criar’ os desconhecidos. 

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