Áudios revelam articulação golpista: 'É guerra civil agora ou depois'

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  • 25/11/2024 21:26
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Cid relata que Bolsonaro pediu alteração em decreto golpista, diz jornal
Cid relata que Bolsonaro pediu alteração em decreto golpista, diz jornal

Áudios obtidos pela Polícia Federal no âmbito das investigações sobre os planos golpistas para manter Jair Bolsonaro (PL) na Presidência mostram a comunicação de militares enquanto tramavam a ruptura democrática.

O que aconteceu

Áudios integram a investigação que aponta até plano para matar o presidente Lula (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. As apurações da PF culminaram na Operação Contragolpe, deflagrada na terça-feira (19), que prendeu cinco pessoas '(quatro militares e um policial federal) por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe.

Gravações foram reveladas pelo Fantástico, da TV Globo, e obtidas pelo UOL. Os 52 áudios mostram a participação ativa do general Mário Fernandes, um dos presos na operação da PF, na articulação golpista, e conversas com outros militares como o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, e o coronel reformado Reginaldo Vieira de Abreu.

Veja e ouça algumas das principais mensagens trocadas entre militares sobre o plano golpista:

"Vou conversar com o presidente... teria que ser antes do dia 12"

O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, afirma a Mário Fernandes que vai "conversar" com o então presidente da República sobre a possibilidade de autorizar a ação dos militares no que sugere ser a autorização para o golpe de Estado. A fala é uma resposta ao general, que, segundo as investigações da PF, foi um dos principais articuladores da intentona golpista.

"Não, pode deixar. Vou conversar com o presidente. O negócio que ele tem essa personalidade às vezes, né? Ele espera, espera, espera, espera para ver até onde vai e ver os apoios que tem. Só que, às vezes, o tempo tá curto, né? Não dá para esperar muito mais passar, né? Dia 12 seria teria que ser antes do dia 12, né, mas com certeza não vai acontecer nada. E, sobre os caminhões, pode deixar que eu vou comentar com ele porque o Exército não pode. Papa mosca de novo, né, a área militar, ninguém vai se meter até porque a manifestação é pacífica, né? Ninguém tá fazendo nada ali"

Mauro Cid a Mário Fernandes

'Vai ser guerra civil agora ou guerra civil depois'

Em conversa com Mário Fernandes, o coronel Roberto Criscuoli falou em "guerra civil agora ou guerra civil depois" ao citar uma suposta resposta popular à vitória de Lula. Para ele, uma decisão tem que ser "tomada urgente" e o presidente - então, Bolsonaro - "não pode pagar pra ver".

“Ô Mário, bom dia. Mário, eu tava até conversando agora com o pessoal aqui, cara. Se nós não tomarmos a rede agora, depois eu acho que vai ser pior. Na realidade vai ser guerra civil agora ou guerra civil depois. Só que a guerra civil agora tem um significativo, o povo tá na rua, nós temos aquele apoio maciço. Daqui a pouco nós vamos entrar numa guerra civil, porque daqui a alguns meses esse cara vai destruir o exército, vai destruir tudo. Aí o povo vai dizer assim, agora que mexeram com você, vocês vão pra rua. Se você resolve tomar... Então vai ficar feio. Porque ele vai destruir todo o exército. Ele vai mandar todos os 4 estrelas embora. Vai ficar com os G. Dias (general Gonçalves Dias) e alguns outros aí. Cara, não vai ficar legal, cara. É melhor ir agora. O povo tá na rua e pedindo, que, daqui a pouco, nós vamos ir por interesse próprio. Aí não vale. Aí eu não vou. Aí eu não vou. Então é a hora de ir agora, cara. Também concordo com esse texto que tu mandou. Pô, tô dentro. Mas tem que ir agora que o povo está pedindo. Não porque vão mandar os generais pra reserva. Então eu acho que essa decisão tem que ser tomada urgente, cara. E o presidente não pode pagar pra ver também, cara. Ele vai destruir o nosso país, cara. O argentino já esteve aqui com o chapéu na mão, cara. Vai esperar virar uma Venezuela pra virar o jogo, cara? Democrata é o cacete. Não tem que ser mais democrata mais agora. Ah, não vou sair das quatro linhas. Acabou o jogo, pô. Não tem mais quatro linhas. Agora o povo da rua tá pedindo, pelo amor de Deus. Vai dar uma guerra civil? Vai dar, eu tenho certeza que vai dar, porque os vermelhos vão vir feroz. Mas nós estamos esperando o quê? Dando tempo pra eles se organizarem melhor? Pra guerra ser pior? Irmão, vamos agora. Fala com o 01 aí, cara. É agora. Hoje eu tô dentro, amanhã eu não tô mais não. Amanhã é o que eu quero dizer daqui a pouco. Por interesses outros eu não vou. Nem eu e nem a turma daqui. Um saco cheio de explicar pro civil que as coisas tão sendo tomadas, que tem um cara lá que tá fazendo isso, tem um pessooal que vai falar, tem um pessoal que tá acusando, tamo pegando prova. A porra, não dá mais, cara. Não dá mais. Não é mais pra ter prova não, quer mais prova do que já teve? E o povo tá na rua pedindo? Vambora, pô! Pau!”

Criscuoli durante conversa com Mário Fernandes

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