O Banco Central anunciou que prevê lançar o Pix Automático em outubro de 2024. Especialistas ouvidos pelo UOL dizem que é possível que o meio de pagamento ganhe mais destaque do que o débito automático e o DDA.

O que se sabe

Pix automático vai funcionar como o débito automático. A diferença é que o débito automático depende de convênios com outras instituições para funcionar. O pagador terá à sua disposição uma série de funcionalidades para gerir os pagamentos recorrentes como, por exemplo, estabelecer um limite máximo do valor da parcela a ser debitada, podendo cancelar a qualquer momento a autorização.

O Pix Automático poderá ser utilizado para pagamentos recorrentes que tenham periodicidade definida. Segundo o BC, o usuário pagador dará uma autorização prévia, de forma que os pagamentos serão debitados automaticamente, sem a necessidade de autenticações específicas a cada transação.

Expectativa é de que ele seja usado por empresas de água, luz e gás. Outros usos esperados pelo BC são empresas que demandem pagamentos recorrentes, como instituições de ensino, academias, clubes de assinatura, serviços de streaming, planos de saúde, seguros, administradores de condomínios, clubes, portais de notícias, operações de crédito, entre outros.

Cadastro poderá ser feito via QR Code. Bruno Samora, diretor de produtos da Matera, diz que as contas podem vir com um QR Code e, ao escanear o código, a pessoa conseguirá fazer o cadastro do Pix automático.

Exemplos de uso do Pix parcelado

Serviços públicos (como água, energia e telefone)

Pagamento de mensalidades (como escola, academia, condomínio e plano de saúde)

Fim do débito automático e do DDA?

DDA (Débito Direto Autorizado) é uma função que permite que a pessoa veja todos os boletos emitidos em seu CPF. No DDA, a pessoa consegue agendar o pagamento do boleto para seu dia do vencimento, garantindo o pagamento em dia.

Com o débito automático, o pagamento é feito diretamente na conta corrente. No entanto, ele não pode ser cadastrado para qualquer serviço, apenas para aqueles que possuem consórcio com os bancos — como contas de água e luz.

Expectativa é que Pix automático caia no gosto do brasileiro e empresas. Fernando Guimarães, CEO da Stone Age, diz que é difícil afirmar se ele vai acabar com o DDA e o débito automático, mas possivelmente vai se tornar o "protagonista absoluto". Para ele, sempre existem soluções em que um serviço se adequa melhor do que outro e, por isso, os outros meios de pagamento devem continuar existindo.

Benefícios ao consumidor devem determinar se Pix automático vai ganhar espaço ou não no mercado. Cristiano Maschio, especialista em tecnologia de pagamentos e CEO da fintech Qesh, afirma que rapidez, redução de erros e melhor experiência de uso podem fazer com que o Pix automático se destaque.

Mudar hábitos demanda tempo. Maschio diz que os consumidores já estão acostumados com o débito automático e o DDA. "Se o Pix Automático oferecer mais flexibilidade em termos de gerenciamento, frequência e ajustes de pagamentos recorrentes, isso pode ser um diferencial", afirma Maschio.

“Mesmo que o Pix Automático ganhe popularidade, não necessariamente significa que DDA e débito automático serão completamente extintos. Pode ser que haja uma convivência entre os sistemas, dependendo das necessidades específicas de consumidores e empresas”.

Cristiano Maschio, especialista em tecnologia de pagamentos e CEO da fintech Qesh

“No momento do lançamento com certeza não substitui [débito automático e DDA], não vai fazer o boleto cair em desuso. Olhando para frente, a tendência é que tenha pelo menos uma substituição gradual, porque é uma plataforma mais aberta, mais barata e o pagamento é imediato”.

Bruno Samora, diretor de produtos da Matera