Por que quase metade dos carros brasileiros deve perder acesso à internet
- Uol
- 11/12/2023 14:48
- Minuto Digital
Para muitos, ter um carro conectado à internet pode parecer coisa do futuro, mas a realidade é que a tecnologia chegou ao país em 2011 em um carro "popular", o Chevrolet Agile. A partir de então, diversos modelos - generalistas e premium- passaram a vir com seu próprio modem para acesso à rede. De acordo com dados da Anfavea, associação das montadoras, mais de 2,3 milhões de veículos são equipados com a tecnologia - a má notícia é que 48% deles devem perder o recurso em breve.
A principal razão é que o país está vivendo uma transição tecnológica para a rede móvel 4G e 5G, com isso os sinais de internet 2G e 3G - que equipam quase metade dos carros conectados - será desligado. A ruptura deve acontecer assim que as contrapartidas do leilão do 5G forem cumpridas pelas operadoras - as entregas estão previstas, no edital, para 2026, mas a Entidade Administradora de Faixa (EAF) - responsável pela operacionalização dessas obrigações - está, pelo meses, sete meses adiantada no processo.
Nesse cenário, a Anfavea está pedindo ao governo federal e à Anatel que adie o desligamento das redes. O argumento é que mesmo após migração para um novo padrão tecnológico (4G/5G), os padrões antigos (2G/3G) continuam operando em veículos no campo por dependência tecnológica por muitos anos, assim como a responsabilidade das montadoras em prover peças de reposição e manutenção de serviços conectados.
A associação das montadoras teme, inclusive, ações judiciais por parte dos consumidores em caso de descontinuidade dos serviços. À coluna, a Anfavea disse que "recomenda que o desligamento das redes celulares 2G e 3G seja adiado no Brasil, já que uma parcela significativa de veículos conectados ainda depende dos sinais de 2G e 3G. Embora a maioria dos automóveis tenha migrado para o 4G ou 5G, cerca de 19,85% de todos os veículos conectados que possuem uma assinatura de serviço móvel ativo pelas montadoras estão limitados ao 2G ou 3G".
A proposta é que o desligamento completo dessas redes aconteça após a chegada do 4G e do 5G em todas as cidades e a ampliação da cobertura nas estradas, o que é esperado apenas para o fim de 2029.
Quem também pede o adiamento da transição é a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Eles defendem um prazo de, pelo menos, cinco anos para processo, já que muitas máquinas de cartão de crédito, principalmente as compactas, ainda dependem do 3G.
Modelos impactados
No Brasil, o primeiro modelo oferecido com internet foi o Chevrolet Agile, em 2011, que tinha uma versão limitada chamada "Wi-Fi". Na época, foi lançada em parceria com a Tim e tinha um modem interno - com tecnologia 3G - "escondido" no console central.
Com o passar dos anos, a ferramenta foi ficando mais refinada e cada vez mais comum nos carros de luxo e importados. Carros como Hyundai Sonata, Chrysler Pacifica, entre outros veículos da Jaguar, Land Rover, BMW e Volvo, passaram a vir com seu próprio chip.
A realidade é que entre os mais de 1 milhão de carros que serão impactados pela perda do sinal, apenas 250 mil têm algum plano ativo com as operadoras, ainda assim, um grande número de pessoas pode ser prejudicado com a perda da funcionalidade.
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