Campanha que se preze tem que ter Os Amigos da "Onça"

  • Redação
  • 13/08/2012 08:45
  • Fábio Campos

Campanha eleitoral é boa pra todo mundo! Injeção de ânimo no setor terciário da economia. Cada candidato tendo que subtrair de sua conta bancária um monte de zerinhos precedidos por um, ou dois números inteiros tentadores, pra investir.  Ao término - tirante os candidatos perdedores - todos saem lucrando. Agências publicitárias, gráficas, ateliês de silk-screen, estúdios de gravadoras, cantores, compositores, repentistas, bandas musicais, grafiteiros, pintores letristas, locadoras de estruturas para mega-eventos, empresas de segurança, etc.

Já se vai quase meio século, de quando as campanhas eleitorais movimentavam números bem mais modestos. Algumas delas acabariam criando personagens folclóricos. Ao exemplo do saudoso senador Arnon de Melo, pai de Fernando Collor de Melo. Na sua época, campanha eleitoral era só o corpo a corpo. Viajavam todo o interior alagoano, em cada cidade, cada vilarejo, sítio ou fazenda indo de casa em casa. Visitavam os eleitores levando um assessor, única e exclusivamente pra anotar os pedidos dos eleitores. E na mala do carro, uma máquina de costura, o objeto mais cobiçado pelas sertanejas. Mostrava as pobres eleitoras o modelo Singer, que ganhariam depois da eleição. Quando o assessor dizia: - Senador o caderno já tá cheio! Ele respondia: -Jogue no lixo e pegue outro.

Teve um prefeito candidato a reeleição que entregava a panela de pressão, sem tampa. A tampa só depois do resultado das urnas. O próprio Fernando Collor chegava aos comícios com o santo do povo nordestino, Frei Damião de Bozzano. De helicóptero despejava “santinhos” com o retrato dos dois, no meio do roçado. Já nos porões da casa da Dinda acendia uma vela pra Zé Pilintra. Era uma vela pra Deus e outra pro diabo.

Um amigo meu lá de São José da Tapera, está candidato a vereador neste pleito 2012. Conseguiu se sair com maestria de duas “ferradas”: Primeiro um matuto lhe abordou com o seguinte argumento: - A minha esposa me pegou de surpresa, tá grávida, vai ter bebê daqui uns dias. Pode me ajudar? - Meu amigo, você já sabe à nove meses! De surpresa me pegou você agora! E outro queria R$ 200, emprestado naquele instante, porque tinha deixado o dinheiro em casa. – O dinheiro tá em casa? Homem! Tá aqui R$ 3,00 vá de moto-táxi buscar.

Além do tradicional “santinho”, também cartazes, “botons”, canetas, chaveiros, adesivos, camisetas, bonés e mais uns cem modos de divulgar o nome, o número e a cara lisa dos candidatos, inventaram a tal da bandeira. Segurada por pessoas contratadas pra isso, em pontos de muito movimento. Há quem diga que aqui em Santana do Ipanema, estão pagando até R$ 300 por um turno, durante uma semana (são seis “onças”!) pra segurar a bandeira. Um gaiato, não estando a par dessa informação, abordou uma moça que se submetia ao serviço humilhante e indagou:

-Quanto tá ganhando pra segurar no pau do candidato?

Levou uma ripada na cabeça, com o dito cujo, o pau da bandeira do candidato.

Fabio Campos 12.08.2012 No blog fabiosoarescampos.com Breve Conto inédito: “O Dia que Lopreu Enfrentou o Diabo”