FELIZ PÁSCOA!
- Fabio Campos
- 23/03/2016 19:30
- Fábio Campos
Já se vão algumas décadas. De quando nas escolas, ainda tínhamos alunos questionadores. Daqueles que do alto de sua sábia ignorância tinham ainda humildade pra perguntar, por exemplo, a professora de religião: “-Professora o que é Páscoa?” Solícita a mestra acorria a responder-lhe: “Páscoa significa “passagem”! Quer dizer, tempo de “passarmos”, de uma vida velha pra uma vida nova. Renovada em Cristo Jesus, meu amor!” E ao final da aula os pupilos, uníssonos desejariam uma FELIZ PÁSCOA! Também à todos a que encontrassem naqueles dias.
Hoje, está tudo diferente. As aulas, não importando de qual seja a disciplina, passou a ser enfadonho fardo a ser carregado, tanto pelos que devam ministrá-las, quanto pelos que obrigados são a presenciá-las. Pra que aulas? Se temos a “deusa” internet, o “deus” google que tudo sabe? E pra tudo tem resposta? Um “Deus” onipresente (pelo menos até onde houver rede elétrica), pretensiosamente onisciente! Quiçá um dia onipotente!
E foi justamente lá na web (ou devo dizer aqui?) que buscamos um significado do termo PÁSCOA pra ilustrar nossa crônica: “Origem do termo: O termo “Páscoa” vem do Latim Pascae. Na Grécia antiga também é encontrado “Paska”. Sua origem mais remota está entre os Hebreus, onde aparece o termo “Pesach” cujo significado é passagem. Fonte: suapesquisa.com/historia.da.pascoa”
O site discorre sobre a origem histórica da festa religiosa, dentre os diversos povos do mundo, judeus, gregos, hebreus e cristãos. Colocamos aqui, e logo em seguida tiramos por considerarmos que nossa crônica ficaria por demais ‘cheia’ de coisas ‘dos outros’.
E o Coelhinho da Páscoa? "A figura do coelho está simbolicamente relacionada à fertilidade. O coelho é um animal que se reproduz rapidamente. A tradição foi trazida para a América pelos imigrantes alemães entre o final do século XVII e início do XVIII. (fonte: idem,ibdem)”
Da forma como a mídia e o comércio explora o tema, não tem como a criança não associar: coelho aos ovos! E tem a maldita musiquinha pra reforçar: “Coelhinho da páscoa que trazes pra mim? Um ovo, dois ovos, três ovos assim...” Daí eu me pergunto: Por que não temos alunos na aula de Ciências questionando: “-Professor, coelho põe ovos?” Parece até que acreditam nisso e pronto! O humorista Nairon Barreto que personifica o “Zé Lezin” vai relatar num de seus shows um episódio hilário, o filho pergunta:
“-Pai! Quando o coelho da páscoa põe um daqueles ovos, morre?”
Páscoa é realmente passagem. O povo hebreu passou o mar a pé enxuto, rumo à terra prometida. Também o anjo da morte passou pelo Egito matando todo primogênito. Preservando a vida somente onde havia na porta (que é lugar de passar) o sangue do cordeiro. Desejemos irmãos que a Páscoa venha significar uma transição, uma passagem dum período de tribulação que faz parte da (e é inerente a) vida humana. Sejam crises nos mais diversos âmbitos: Familiar, educacional, político, religioso, na área econômica etc. A mulher na maternidade só terá o filho de parto natural se os ossos de sua pélvis permitir a “passagem” do rebento. Dia depois a criança passará por uma pia batismal. Donde passará como que pelo portal para a vida, a vida cristã. A continuidade disso serão sempre passagens. Da infância para adolescência. Depois passará a idade adulta, a senilidade e ao ocaso da existência passará derradeiramente para a vida eterna. E dirão filosoficamente: “Passou dessa pra melhor!”
Chico Buarque de Holanda tem uma canção esplêndida sobre o tema, que lembrei agora dum trecho. Ouvi pela primeira vez do meu irmão Fernando Soares Campos que diz mais ou menos assim:
“Vai passar nessa avenida um samba popular/Cada paralelepípedo da velha cidade/ Essa noite vai se arrepiar/Ao lembrar que aqui passaram sambas imortais/ Que aqui sangraram pelos nossos pés/ Que aqui sambaram nossos ancestrais.”
Está no tempo de desejar FELIZ PÁSCOA! Digo, até com uma ponta de tristeza. Pois infelizmente tenho presenciado reações das mais adversas das pessoas: estranheza, surpresa, espanto. E pasmem! Ás vezes, de quase repulsa! Quando as cumprimento, mesmo sem as conhecê-las, após ser atendido nos seus serviços. Um simples desejar “Feliz Páscoa!”. É como se fôssemos um bicho estranho.
A minha mãe já nonagenária constata diante da vida que se sente, literalmente, pertencente a outros tempos. E filosofa: “Meu Deus do céu! Quem morre deixa o chapéu!” Jubilado sinto-me um ser atemporal. E vez em quando já me pego usando a frase: “No meu tempo!”
Por falar em “passagem”, na web tem vários sites, todos contam a mesma piada:
“O caipira chega a Estação Rodoviária. E pede:
-Moço me dá uma passagem pra ‘Nastácia’. Ida e “Vórta”!
-Prá Anastácia? Tem não...
-O matuto deixa o guichê e: -S’imbora ‘Nastácia’ o moço disse que prá tu, num tem passagem não...”
Fabio Campos, 23 de Março de 2016.
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