Uma Coisa, uma pausa e Eu falo

  • Fabio Campos
  • 20/06/2013 11:28
  • Fábio Campos

Sou fã da “Revista da Língua Portuguesa” Na edição 88 tem matéria interessante sobre o substantivo definido, feminino: “coisa”, muito interessante. Hoje resolvi “visitar o site da revista e encontrei “coisas” mais interessantes ainda. Por exemplo, um texto (disponível somente para assinantes) do colaborador daquela publicação, o blogueiro Aldo Bizzocchi, com o título:  “Mas eu não tinha falo?”

Não consegui ler, por não ser assinante, porém veio-me a seguinte constatação com relação a essa construção lexical: A palavra “falo” na frase à cima assume a conotação de verbo: presente do particípio do verbo falar; mas pode vir a significar um substantivo: a glande peniana, a “cabeça do carvalho”.

Ainda falando do site da revista o blogueiro Aldo Bizzocchi na sua coluna tira a dúvida de um internauta que lhe enviou e-mail, querendo saber se havia diferença entre “pausa” e “pouso”:   “ Prezado Jackson, você tem toda a razão: "pausa" e "pouso" têm tudo a ver. Em latim, a palavra "pausa" queria dizer o mesmo que em português: parada, cessação, interrupção de uma atividade. No entanto, se "pausa" e "pausar" nos chegaram por via culta, temos o verbo "pousar" e seu derivado regressivo "pouso", da mesma origem, só que desta vez recebidos por herança.

Mas o que há de comum entre pausar e pousar? Se a pausa é a interrupção de uma atividade, então, dizer que uma ave pousou equivale a dizer que ela fez uma pausa, interrompeu o voo. E como as aves precisam pousar para descansar, o pouso é também o momento de descanso, ou de repouso. Nem é preciso dizer que esta última palavra também se originou de "pausa", porém trata-se agora de uma pausa mais longa, para repor as energias. Daí o prefixo reforçativo "re-".

Ou seja, a pausa em qualquer atividade pode ser associada a um "repouso", mesmo que em sentido metafórico. Por isso, dizemos que um equipamento que não está sendo usado está em repouso (ou em "stand by", isto é, de prontidão). Ora, o pouso, seja de um pássaro, avião, astronave, etc., é a entrada em estado de repouso, de inatividade, a cessação do voo.

De modo mais geral, toda interrupção é uma pausa. Assim, apertamos a tecla "pause" dos aparelhos de CD ou DVD para suspender a execução de uma música ou filme, e também fazemos pausas no nosso trabalho, seja a pausa para o almoço, o cafezinho, o descanso semana Lou as férias.

Uma última curiosidade: em francês, o verbo "poser", proveniente da mesma fonte latina, significa "pôr, colocar", isto é, "pousar" (sobre uma mesa, por exemplo). E "pose", a atitude de quem fica imóvel durante uma foto ou retrato, não deixa de ser um estado de pausa de inatividade.”(fonte: revistadalínguaportuguesa.com.br).

Meu amigo Tonho Neguinho, o matuto mais inteligente e astuto de nosso sertão, habitantes das plagas varonis,  lá de Senador Rui Palmeira, outro dia, se encontrava, altas horas da noite, no sagrado repouso diuturno. No sacrossanto leito conjugal, ao lado de sua digníssima esposa Creuza. Ela cutucando-o interrompeu sua madorna madrugadeira, nestes termos:

-Tonho! Tá “mim” dando uma coisa...

-Aceite...

-Mas é uma coisa ruim!

-Não queira...

E voltaram os dois a dormir.

 

Fabio Campos 20.06.2013. No blog fabiosoarescampos.blogspot.com o Conto: “Liras de Santana”