A séria brincadeira do Desarmamento Infantil

  • Bene Barbosa*
  • 19/04/2013 17:09
  • Artigos

O dia do desarmamento infantil, promovido no início da semana em todo o País, ao contrário do que se imagina, não trata de desarmar menores de idade que utilizam de armas de fogo para assaltar, sequestrar, ameaçar ou matar. A ideia é incentivar crianças a entregarem suas armas de brinquedo, copiando as campanhas dos cidadãos adultos para entrega de armas de fogo verdadeiras com a falsa promessa de contribuir com a segurança pública.

 Ano após ano, as campanhas de desarmamento infantil ocorrem no país. Incentivam pais a proibir que seus filhos tenham armas de brinquedo, seduzem escolas a banir esses objetos em suas brinquedotecas etc. Porém, é preciso pensar no efeito prático da ação em que é baseada a adoção dessa postura radical. Cabe salientar que nunca foi proibida no Brasil a venda de arma de brinquedo. O que não é permitido, segundo a lei 10.826/03 artigo 26, é que essas armas possam ser confundidas com armas de fogo verdadeiras.

 Sendo assim, as armas coloridas e disformes que se encontram em qualquer loja de brinquedos não estão fora da legalidade. Um pai que presenteia seu filho com esses brinquedos, muito menos. Não me estenderei na parte legal, uma vez que pouco, ou nada, interessa àquele pai ou mãe que fica na dúvida ou que proíbe que seu filho tenha uma arma de brinquedo.

 Na prática, qual o mal em o seu filho possuir armas de brinquedo? Tornar-se-ia violento? Um criminoso? Ao impedir que a criança tenha armas de brinquedo, jogue games violentos, os pais e o governo poderão estar privando-a de uma importantíssima aprendizagem, pois lidando com violência de faz-de-conta ela aprende a entender a violência verdadeira, criando um parâmetro claro do que é bom e do que é mau.

 A proibição de armas de brinquedos e games ditos violentos só se baseia em ideias e até ideologias, que não possuem qualquer embasamento concreto ou prático na diminuição da violência. Sem contar aqueles que aderem ao politicamente correto sem parar para refletir sobre o assunto.

 Simplesmente proibir é ato daqueles que são incapazes de educar. As armas, legais ou ilegais assim como as de brinquedo, sempre fizeram e continuarão a fazer parte da sociedade, isso é fato, e assim, dentro desta realidade de mundo e fugindo da utopia maléfica do desarmamento, urge que se faça, sim, uma campanha, porém, de posse responsável de armas de fogo, instruindo pais e filhos sobre como evitar acidentes.

 Todo e qualquer acidente pode ter seu risco minimizado. Uma boa inciativa, neste sentido, é a da Associação Nacional das Indústrias de Armas e Munições (Aniam) que, contando com apoio do Movimento Viva Brasil, lançou o gibi Turma Legal, disponibilizado em sua página na internet. A finalidade é prevenir os acidentes domésticos ensinando às crianças, de um modo divertido, medidas de segurança para a eventualidade de encontrarem armas em casa, e as armas de brinquedo podem e dever ser utilizadas como instrumento de aprendizagem no que diz respeito à segurança e ao uso moral. Iniciativas assim poderiam ser mais eficazes do que projetos restritivos sem justificativas comprovadas.

*Bene Barbosa é especialista em segurança pública e presidente da ONG Movimento Viva Brasil