Produções cinematográficas e suas contribuições para a luta indígena – um compromisso ético, cultural e social

  • Allyne Jaciara Alves Rios*
  • 19/05/2013 05:47
  • Artigos

Os povos indígenas no Brasil vivenciaram séculos de negação de sua identidade, postura adotada pela sociedade calcada no etnocentrismo e que manifesta-se ainda hoje de variadas maneiras em inúmeras situações.

O processo de negação foi iniciado desde o momento em que “o Brasil foi descoberto” conceito ampla e erroneamente difundido até os dias de hoje. Isso porque, considerar a invasão europeia uma descoberta indica a negação de que nessas terras havia milhões de indígenas com religiosidade, cultura, línguas e organizações políticas e sociais diferentes.

Ignorar os genocídios, escravidões e os tantos outros processos históricos maléficos na tentativa de civilizar, aculturar e catequizar são posturas adotadas por indivíduos ignorantes. Quanto ao Estado, em todas as suas esferas, agem da mesma forma quando nega aos indígenas os direitos humanos e constitucionais entre os mais relevantes, o direito à terra ? sagrada aos indígenas, com amplo significado espiritual, cultural, meio de sobrevivência e perpetuação das tradições ?, além da assistência de saúde e educação escolar indígena.

Sendo assim, os povos travam uma luta diária com o objetivo de serem respeitados. Está aí, portanto, a relevância das produções cinematográficas capazes de trazer em sua constituição abordagens históricas, antropológicas, sociais, assim como descasos, conflitos, enfim temáticas úteis à reflexão. Os filmes, mais que entreter, assume um papel de denunciadores das injustiças. São capazes de expor a verdadeira história, a qual, por muito tempo foi maquiada para beneficiar os exploradores, detentores do poder.

Os povos indígenas veem, portanto, os filmes como mais um instrumento de luta e tem buscado através das organizações internas, articulações com os parceiros sensíveis à causa, trabalhos coletivos e escolares o fortalecimento da luta a favor da justiça, igualdade social e respeito às especificidades de cada povo.

*Indígena Koiupanká; Professora de Sociologia e Filosofia da Escola Estadual Indígena Ancelmo Bispo de Souza; Graduanda do Curso de Letras (Programa de Licenciatura Indígena - PROLIND) da Universidade Estadual de Alagoas – UNEAL; Pedagoga (Faculdade de Tecnologia e ciências FTC- EAD); E-mail: [email protected]