Orquestra Recordações de São José da Tapera anima foliões na Avenida

  • Redação
  • 09/02/2013 14:41
  • Blog da Gracinha

O carnaval fora de época da cidade de São José da Tapera foi realizado na noite desta sexta-feira, 08, por volta das 21h00 na entrada da cidade. A Orquestra Recordações comandada pelos Maestros de Água Branca, José Silva e Evandro Sandes, animou os foliões de plantão que estavam a caráter usando máscaras, fantasias e brincando com confetes, serpentinas e espumas na prévia carnavalesca. Os foliões pularam e cantaram as marchinhas em caminhada pelas ruas da cidade e se concentraram no palco central, em frente à prefeitura, onde a banda Acadêmicos da Bahia, era a grande atração da noite.

Segundo informações, todos os blocos da cidade receberam um patrocínio de 300 à 600 reais e firmaram um acordo para estarem presente na prévia carnavalesca promovida pelo prefeito Jarbas Ricardo, mas, poucos compareceram.“ As pessoas reclamam quando não tem nada. Quando a gente realiza, eles não comparecem em massa. Ano passado não houve carnaval devido a morte do vereador Evandro Cardoso. Mas, ano retrasado fizemos o concurso de carros alegóricos e foi muito bonito. Só que, infelizmente muitas pessoas não se contentam em perder. Houve muitas confusões com relação aos resultados. Para evitar problemas resolvemos não fazer mais. Eles questionam tudo, inclusive os jurados que os jugaram. Muitos achavam que determinados blocos deveriam ganhar, mas os jurados votaram em outros. Por isso, logo os participantes começaram a falar que tinha enrolada para beneficiar determinadas pessoas. Infelizmente existe pessoas que não aceitam os critérios exigidos como por exemplo, serem penalizados pelo atraso,” disse Francisco Acacio Araujo, Secretário de Cultura Desporto e Lazer.


As marchinhas de carnaval

A Orquestra Recordações de São José da Tapera é composta por homens e mulheres. Cerca de 30% são destinados ao charme feminino como a da estudante Amarielle Maia dos Santos, (saxofonista) que encontrou na música uma realização pessoal. “É um grande sonho realizado poder fazer parte deste grupo. Expor o que sinto através da música é uma grande satisfação pessoal em minha vida” revela.

O Maestro José Silva conta que a participação das mulheres é um grande avanço e uma questão de valorização em uma época onde músicas baianas retratam as mulheres de forma desrespeitosas. “A mulher toca saques, trompetes. Antes não se via isso devido à questão do predomínio do homem, do machismo porque a música era militar. Hoje não. Eu e o Maestro Evandro Sandes desmilitarizamos e as mulheres começaram a participar. Essas músicas baianas são de má qualidade, porque na Bahia têm músicas de qualidade. Esses axés, Swingueira feito de qualquer jeito vêm ocupando espaço com músicas depressivas com relação à linguagem. Inclusive eu e o maestro Evandro temos uma crítica forte nesse repertório porque eles sempre colocam a mulher como objetivo. Quando dizem: quem for cachorra levante a mão! Parece que não se está percebendo que se desvaloriza. Isso não tem nada de moderno não. Isso é arcaico. Desqualificar a mulher é arcaico. Moderno é a igualdade. A questão da igualdade, da qualificação. Nós que trabalhamos com a música erudita, com a musica de qualidade a gente não da destaque para essa música deprimente com relação a mulher,” afirma.

Ao falar do grande desafio a frente da Banda Filarmônica São José e da Orquestra Recordações, o maestro Silva, garante que o seu desafio foi convencer que era possível e que todos iriam aprender com seus erros. “A gente sentia que não se acreditava. Já houve três tentativas. Tentativas no jeito militar. No nosso método o direito de errar é a oportunidade de acerto mais adiante. São José da Tapera não precisa recorrer a nenhum município para fazer um concerto, retreta, para fazer um baile de carnaval ou animar as festividades alusivas a cidade. Aqui tem uma Orquestra e uma banda de qualidade," garante.

Nesta festa também era possível brincar caracterizados com a camiseta do seu bloco favorito, homens usando batom, maquiagem e fantasiados com roupas de mulher, (vestido, shortinhos). Boa parte da população ficaram dançam e observando o arrastão de suas calçadas.

Tradição de Blocos Taperenses

Nos anos 90, São José da Tapera era referência nos desfiles dos famosos blocos Do Boi e São Bento. A rivalidade na Avenida inspirava os presidentes e coordenadores a capricharem em suas apresentações. A ousadia em suas ideias eram retratadas em carros alegóricos de 2mt de altura, passistas, corpos pintados, Iemanjá, rainha de bateria, Mestre Sala e Porta Bandeira, dentre outros atrações que encantavam os taperenses e visitantes de diversas localidades. Os blocos, na verdade, se transformavam em grandes Escolas de Samba, com direito a enredo, orquestra, paradinha e nota 10.

Com suas alas encantadoras, os carnavalescos Samuel Pinto Fontes, (Bloco Do Boi) e Zé Lima (São Bento) arrancaram aplausos pela Avenida Elísio Maia em um imenso “cordão humano” que se formava do início ao fim. Eles foram garantia de sucesso absoluto em seus anos de reinado. Hoje existe apenas boas lembrança e um grande vazio na sociedade taperense por esta tradição ter sido esquecida pelos nossos governantes. Quem sabe um dia os políticos de São Jose da Tapera percebam a grandiosidade deste evento e incentive a volta das “Escolas de Samba” para que essa nova geração tenha o direito de colaborar com sua participação nos desfiles e sentir a emoção em fazer parte desse evento esplendoroso.