Quem sintonizou na rádio Liberdade FM de São José da Tapera, na manhã da última  sexta-feira (05), na esperança de ouvir a programação do carnaval da cidade, se deparou com um grupo de aproximadamente oito professores contratados que usaram a emissora para cobrar do prefeito Jarbas Ricardo quatro meses de salários em atraso. 

De acordo com as professoras,  uma das argumentações para o atraso seria a crise  e gastos do município. Em entrevista, as professoras afirmaram ter conhecimento de que vários professores que moram em Maceió e São Paulo, sobretudo, alguns que moram na  cidade, recebem sem dar um dia de serviço. Além disso, em reunião, o prefeito teria afirmado que, se eles não quiserem trabalhar, uma lista de professores estaria disponível ao cargo. 

"Se o prefeito sabia que os gastos são maiores do que o dinheiro que vem,  porque foi que ele nos contratou? Porque ele nos fez trabalhar, se ele sabia que não podia pagar? Por que ele não foi ciente no mês de outubro, quando ele nos chamou pra fazer uma reunião e não disse que não  tinha como nos pagar?", questiona uma professora. 

Elas indgnadas falaram sobre a existência de  vários professores que ficam em casa, enquanto ela e suas amigas estão trabalhando. "Com certeza isso acontece, mas eles não vão vir dizer aqui na rádio. Equanto isso, esse prefeito vai a público dizer que ele foi um bom administrador? Que a educação de Tapera é de boa qualidade enquanto nós estamos  trabalhando e não recebemos? Isso é um absurdo!," desabafa.

  Os áudios espalhados pelo Whatsapp do grupo de professoras composto por:  Simony Larissa Fernandes, Lucrecia Santos, Maura Franciely, Graciene Silva Melo, Thaciane Alves, Larisa de Oliveira, Solange Pereira,  revelam ainda que vigias, motoristas e merendeiras também estão  sem receber.   As denúncias não pararam por aí. Elas  falaram ainda que a educação  do município começa no mês de março e termina no mês de novembro, com o propósito de economizar nas despesas como folha de pagamento dos  contratados. E que, diante das denuncia, tinha certeza que seriam intimidadas.

"Não tenho medo que o prefeito me persiga! Se ele quiser perseguir minha mãe, meu pai, meu marido, eu vou ficar  ciente e vir a público" desabafa, questionando a ausência do promotor de justiça. "Como leigas em direito, queremos  entender como se contrata funcionários e não se paga seu salário em dia. E nossas contas atrasadas? Quando o funcionário  da casal for cortar a minha água, eu vou mandar ele ir na casa do prefeito que está me devendo há 4 meses? Lógico que ele não vai!" 

Ao serem questionadas se elas são professoras dedicadas e comprometidas com a educação do município, elas prontamente reafirmaram seus compromissos com os alunos.

 "Um aluno meu eu faço com que pense, que acredite que ele é a mudança deste país, que ele não se cale diante de uma pessoa que se acha o dono da justiça só porque é o prefeito da cidade. A lei é maior, é a constituição do nosso país. Eu quero que meus alunos saiam da sala de aula com essa visão."

Ao serem questionadas se o prefeito Jarbas Ricardo já tinha chamado o grupo para uma reunião e tentado resolver a questão dos salários, o grupo de professoras afirma que o objetivo da reunião para o prefeito era que elas não viessem a público, que esperassem um novo acordo, que segundo elas seria pagar apenas um mês e depois, em uma data não agendada, pagar os outros meses em aberto, mas a categoria não aceitou. 

"Em reunião, o costume do prefeito é dizer que quem não quiser trabalhar, que saia. Lá fora tem uma lista esperando," afirma.

Uma reunião com as professoras foi marcada para a próxima quinta feira (11), com prefeito Jarbas Ricardo na Secretária Municipal de Educação. A equipe de reportagem do Minuto Sertão entrou em contato por telefone com o SINTEAL de São José da Tapera,  Secretária Municipal de Educação, Maria Helena Rodrigues Rosa e com o prefeito Jarbas Ricardo para se manifestarem sobre o assunto, mas os seus respectivos telefones estavam fora de área ou desligados.

Assista ao vídeo: