Moradores recusam planta de calçadão em São José da Tapera

  • Redação
  • 15/02/2013 15:42
  • Blog da Gracinha

A reunião de um grupo de moradores da Avenida Elísio Maia aconteceu nessa quinta-feira, 14, com a presença do prefeito Jarbas Ricardo, Monsenhor Rosevaldo, moradores e suplentes de vereador. Na pauta estava a discussão do projeto do calçadão da citada Avenida. A reunião aconteceu na igreja Matriz sem a presença de nenhum representante do legislativo."É muito importante discutir com a sociedade, não só isso aqui, mas tudo que envolve os interesses da população. A discussão é muito difícil, complicada. A decisão para quem tem poder é fácil. Se tivesse uma sociedade mais organizada seria melhor, mas aqui não tem. A única coisa que eles têm como representantes são os vereadores. Eles quem deveriam estar aqui representando a sociedade e não estão," disse Monsenhor Rosevaldo 

Em um projetor, o arquiteto João Alves de Almeida Neto mostrou a planta e junto com a sociedade foi discutido, dentre outros assuntos, os pontos do calçadão que serão fechados, visto que, essa exigência é um dos pré-requisitos que fazem com que alguns moradores sejam resistente a aprovação do mesmo, como de fato aconteceu. Os moradores Jhonatan Vieira Alves e Eder Rodrigues votaram contra a aprovação do projeto.

Para o prefeito Jarbas Ricardo, existem vantagens e desvantagens para os moradores que habitam no futuro calçadão. Segundo ele, a vantagem será na valorização do imóvel, mesmo que para isso os próprios moradores tenham que abrir mão de um pouco de liberdade. Mas, ele deixa bem claro que, se um morador for contra, o projeto não será feito, e sim mudado, e a praça passará apenas por uma reforma. Ele conta que essa reunião é uma forma de discutir o projeto antes mesmo da licitação, evitando gastos e problemas como ocorreu na outra reforma da Praça dos Brinquedos.

A gente está discutindo em prol do beneficio da cidade e não como o próprio prefeito falou que se fosse ele, ele aprovaria para valorizar o imóvel. Daqui a alguns anos estaremos com 60 mil habitantes, e se um dia eu quiser ter um carro e quiser coloca-lo em minha garagem? E se eu quiser alugar esse espaço para alguém guardar um carro, como fica? Existe essa dificuldade de locomoção. O projeto está de parabéns, formidável. O que mais esta se questionando aqui é a segurança da igreja, teria que colocar algo mais apropriado apenas para ela. O que eu prezo é o pedestre em geral e não só a igreja católica. Quer dizer que se estivesse uma igreja Batista aqui do lado, seria feito outro calçadão só para ela? Esse projeto está parecendo que é apenas para beneficiar a igreja católica. Se caso um dia eu pensar em montar uma loja de informática, meu cliente não poderia parar em frente a minha loja ao procurar estacionamento e estiverem cheios, como por exemplo, dia de feira. E se tivesse outra loja na esquina ele teria que fazer o retorno para estacionar. O concorrente ganharia mercado porque o cidadão poderia deixar de comprar em minha loja para comprar na dele. Se não pode parar, prejudicaria," disse Jhonatan Vieira Alves, um dos moradores que votaram contra o projeto.

A ideia do arquiteto João é que o calçadão daqui de São José da Tapera fique semelhante ao calçadão da cidade de Arapiraca. Todo o tráfego daquela localidade é feito nas vias laterais da Avenida e a sociedade se beneficia da comodidade de fazer suas comprar ou passear sem preocupação com o trânsito. Os veículos são estacionados nos estacionamentos feitos ao redor da praça.

Eu concordo com o prefeito que o João faz um trabalho com muito amor, pois ele foi coroinha dessa igreja e tem uma dedicação, um apego a igreja e a ideia voltada para isso. Mas, tem que ser repensado o direito de ir e vir, parar o carro em frente de casa. Nos termos da valorização do calçadão ao beneficiar nossos imóveis é uma boa, mas nós estamos discutindo o direito de todos. Se eu tiver o direito de parar o carro em frente a minha casa, pra mim tá tudo resolvido," afirma Eder Rodrigues, mais um dos moradores contra o projeto.

O arquiteto João, conta que essa resistência da população se deve a uma má interpretação do projeto que impede apenas os carros de ficarem parados em seus imóveis. Ele afirma que através de um portão móvel todos os moradores terão acesso a hora que quiser, e inclusive em uma emergência.“Não sei se essas questões são políticas, se forem, acredito que mesmo que eu tente não conseguirei. Irei até eles e apresentarei mais uma vez a planta e deveremos debater quais as suas necessidades e trabalharei para supri-las, mesmo tendo o espaço cobrado por eles nesse projeto. Devemos ter uma visão coletiva e não individual em um local que é uma porcentagem significava de comércio. Querendo ou não, aqui virará comércio. Infelizmente existem pessoas que juntam questões políticas e criticam antes mesmo de ver o projeto em si. Nenhum morador desse lado coloca carro em suas casas. Muitos alegam querer colocar o carro em sua garagem e eles fizeram de suas garagens estabelecimentos comerciais. Muitos pensam apenas no eu. Devemos pensar no coletivo," relata.

Outra questão a ser levantada pelo arquiteto foi ausência em massa dos vereadores. “Ausência do legislativo é uma falta de respeito comigo como arquiteto do Município, com o prefeito Jarbas, com o Monsenhor e principalmente com os eleitores deles. Eles mostraram que não estão nem ai para os interesses da sociedade. Seria viável eles levarem esse projeto para a Câmara de Vereadores e lutar com a gente, mas eles acham melhor se esquivar. Aqui é uma audiência pública e essa pauta deveria ser apresentada na Câmara, mas eles não apareceram, “ cobra o arquiteto.

Em seu Facebook, Edivaldo Barros fez um post sobre o ocorrido e logo os jovens se manifestaram a favor do projeto. Mas, a cobrança da ausência dos vereadores de São José da Tapera foi o que mais o deixou dignado. “Não tinha nenhum vereador presente para ouvir a população. Eles estavam aglomerados na casa do prefeito para uma reunião entre eles. Os suplentes Edlânio vieira, (Lano de Evenos) e Emanoel Junior, (Junior do Conselho Tutelar), estavam presentes para discutir com a população. E cadê os vereadores? E Paulo Vieira, morador e vereador da cidade, veio pedir para que nos mudássemos o dia para que eles fossem se reunir com o prefeito," disse Edivaldo.


A Obra

O projeto terá estacionamento para quarenta vagas de carro, sendo duas para portadores de necessidades especiais, disponíveis para a sociedade. Barracas, Coreto, Carrinhos de lanches e carinhos de churrasquinhos, que serão feito em um modelo padronizado e organizado para que tenham o compromisso de, no final do seu expediente, desmontar e recolher. Não será permitido que eles fiquem na praça.

No calçadão que fecharia parcialmente a Avenida Elísio Maia, só terá um lado de acesso para os moradores que quisessem trafegar. Do outro lado, vias duplas dividirão o trânsito, em mão/contra mão. Um semáforo orientaria os pedestres ao acionar quando os mesmos quisessem passar.